No mês de maio só consegui vir em casa até o dia18. A chuva violenta destruiu pontes e eu fique em Taguai sem condições de ir e vir.Na casa da Iolanda eu estava bem acomodada, mas o estado de saúde de mamãe não me deixava ter paz, principalmente por que sem minha presença todos descobririam sua doença. Deve ter sido dolorido para ela ter que contar que estava no fim sua vida na terra. Como minha irmã reageria?Naturalmente eu seria cruficicada por ter escondido de todos. Com o fim das chuvas, chegou também as férias de inverno e eu pude voltar para minha mãe. Lá chegando fiquei apavorada com o que vi: todos os parentes, até aquele que nunca nos visitava,estavam esperando a morte da minha mãe. Procurei minha irmã para saber o porque disso e a resposta me irritou mais ainda ela me disse"eu não sou como voce, eu me preocupo com a mãe, diferente de voce que estava deixando a mãe morrer sem tratamento,avisei os parentes para serem minhas testemunhas, e fazerem companhia a ela "Nada respondi pois tinha certeza que mamãe não estava contente com isso.Fui ao quarto e caí em lágrimas, deitada, mal arrumada ,com um monte de gente ao redor da cama, mamãe agonizava.Pedi aos parentes que me deixasse a sos com ela, todos se retiraram e eu pude conversar com ela. Dei-lhe um bom banho, pus roupas limpas nela e na cama. Com muita dificuldade ela pediu que perdoasse minha irmã. Preparei a comida que ela mais gostava.Desse dia em diante não me afastei mais dela Ela morria um pouquinho por dia,a falta de ar era forte e a morfina que eu aplicava não fazia mais efeito,qualquer ruido a irritava.Permaneci ao seu lado até que no dia 4/7/1965, aquela heroina que abriu mão do luxo para viver humildemente, nos meus braços encerra sua participação na terra.Sou avessa a idolatria ao defunto pois fui educada acreditando na imortalidade do espírito.Por respeito a vesti com uma vestimenta minha, nada de roupa nova como era costume.Até no ultimo instante respeitei o seu desejo.O que morrera era a vestimenta carnal que minha mãe usou,ela era eterna pois é morrendo que nascemos para a vida eterna! Ela levou para o túmulo a flor que mais amava, camélias brancas que um amigo de Taquarituba mandou quando eu voltei para casa.
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