31 de mar. de 2012

As doces do papai!

Desde que me conheci por gente vi meu pai ir a tuia pegar um saco de amendoim trazer para casa,escolher, por nas assadeiras e levar ao forno de barro que ficava na porta da cozinha de casa.
O forno fora ele mesmo que o fizera com tijolos e barro,tinha uma chaminé que ajudava controlar a temperatura do forno.No dia que ia ser usado ,acendia um fogo dentro dele ,para aquecer.Quando a lenha ficava em brasa estava pronto para uso. Experimentava a temperatura colocando uma palha dentro dele.
De acordo com o tempo que ela torrava, se colocava o assado .
O biscoito de polvilho era o primeiro a ser colocado para assar,pois precisava de forno bem quente,O amendoim era colocado em forno mais frio com a chaminé aberta.
Logo o cheiro do amendoim torrado invada a casa!Isso demandava um bom tempo de meu pai abrindo o forno  e remexendo os grãos.

Amendoim torrado era hora de descascar.Essa era a tarefa que eu mais curtia pois apos tirar a casca ele era peneira ,e eu ficava embaixo para receber ,morrendo de rir recebendo na cabeça  as cascas que caiam!Era uma farra só!
Depois papai moia os grãos para o pé de moleque e pilava no pilão para a paçoquinha.Dai ele ia para o fogão e punha numa enorme panela para cozinhar,ate´dar o ponto.Bem cedo eu aprendi com o meu pai o ponto dos
doces,que me foi muito útil a vida toda
Eu curtia muito ver a satisfação com que papai amorosamente fazia os doces!
A hora de virar na forma o que estava no ponto era a pior hora´pois eu  tinha até que sair de perto! Depois era só cortar e esperar secar!
A paçoquinha era mais fácil,era só pilar com açúcar na dose e por  nas formas.Daí era só sair para vender!

29 de mar. de 2012

A Ressurreição!

O  tempo passou rápido e eu já estava fazendo um ano,tudo havia mudado!
Os esforços de todos havia conseguido salvar as fazendas,mantendo os colonos!Onze meses separava o meu aniversário da perda total de todas as culturas das fazendas de meu pai, pela chuva de granizo!
Aos poucos as coisas foram se ajeitando .O gado recebendo uma ração feita com feno, sal grosso.milho,abóbora ficou forte,dando muito leite e nem sentiu a falta de pastagem.
Os porcos foram tratados com a  lavagem que o retireiro passava pegando nas casas em Avaré e na Barra Grande.
Os cavalos estavam lindos e fortes.A criação de cabrita havia aumentado.
Como premio pelo esforço as casa dos colonos havia sido pintada.
Os campos estavam verdejantes, as culturas estavam,como havia dito a vovó,produzindo mais.
O repeito dos colonos para com a minha família agora era muito maior ainda.
As mulheres animadas não deixaram de fazer os doces e queijos nunca mais, só que agora era em regime de meeiras.Papai entrava com os gastos e elas com o trabalho,o lucro era dividido.
Papai só parou de fazer o pé de moleque e a paçoca quando nós mudamos para a cidade.
O que mais demorou para produzir foi o café,mas quando deu, carregou tanto que se tornou necessário contratar mais empregados.
O que minha família passou,demonstra que com fé,união e muito trabalho todas as dificuldades são
VENCIDAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

28 de mar. de 2012

O trabalho árduo de todos!

Dois dias depois não havia um só arbusto verde, somente as mangueiras teimavam em manter as folhas escurecida pelo granizo!Ainda era possível encontrar montes de pedras de gelo!De repente uma boa notícia, 4 vacas haviam dado cria!Teríamos mais leite na Fazenda.Meu pai aceitou o acontecimento como um sinal que valia a pena tentar salvar as fazendas e manter os colonos!
Naquele dia mesmo, todos se reuniram para juntos acharem uma saída!Vovó Bárbara começou a reunião falando da sua experiência com a neve,na sua terra, e afirmou que assim como o gelo destroem as plantações,também mata tudo que há de mau na terra .contou que o período que se segue a devassa é um período de muita fartura,pois a terra limpa dá frutos fabulosos.A terra se recupera rapidamente,basta plantar e cuidar que rapidamente tudo volta ao normal.
Dizem que ela foi a fada a madrinha que colocou a fé e  a esperança no coração de todos.
Partiu dos colonos a ideia de diminuir o leite dado a cada família e começarem a fazer queijo para vender.
Papai disse que poderia fazer paçoca e pé de moleque e com ajuda de um colono poderia vender.(a colheita do amendoim tinha sido farta).Nessa noite todos animadamente planejaram o que e como iam fazer para conseguirem manter as fazendas e seus habitantes, até que elas voltassem a produzir.
Foram formadas várias frente de trabalho: os que iam lavrar a terra ,preparando para novos plantios,os que cuidariam da alimentação dos animais(vaca,cavalos,porcos,cabritos e galinhas,patos,marrecos,os que tentariam vender oque se produzissem,os que produziriam doces,derivados do leite ,comidas.
As mulheres sob a orientação de minha mãe e avó passaram a fazer durante a semana queijos,requeijão de corte,ricota,bolos,doces variados e no final da semana os homens saiam para vender em todas as cidades próximas.
Papai alem de ir trabalhar na roça ,tirava um dia para fazer sua famosa paçoquinha e pé de moleque.
Comentavam comigo,muito tempo depois ,que pareciam formiguinhas trabalhando como doidos para se manterem
Eu gostaria muito de ter participado desse desafio!!!!!!!!!!
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27 de mar. de 2012

A destruição!

Enquanto as  pedras que caiam eram pequenas,todos retornaram para casa.Conta-se que papai prevendo oque estava  para  acontecer ficou taciturno,cabisbaixo,andando de um  lado para outro
Durante toda a noite caíram pedras enormes,e o desespero do meu pai só crescia, ante vendo o que as pedras de gelo fariam em todas as plantações!
Foi a pior noite da família,todos nervosos pois sabiam que se as plantações fossem destruídas teriam que arcar com o sustento dos colonos que eram mais de 10 famílias.
A chuva de granizo só para ao amanhecer.Como sabemos, no verão clareia mais cedo,e as primeiras luzes do novo dia,todos se põe de pé.
Papai imediatamente,antes do café da manhã,tenta abrir a porta da sala,tudo inútil,as pedras de gelo bloqueavam a porta.Imediatamente aparecem colonos,que estavam muito nervosos e com pás ajudam abrir a porta.
O retireiro trazia uma boa notícia: nenhuma vaca ,touro ou bezerro havia morrido!Todos haviam se escondido nos galpões.
Um lençol denso de pedras de gelo cobria toda a propriedade!O sol preguiçosamente ia nascendo e sua luz ao bater nas pedras as transformavam em brilhantes reluzentes.No meio do oceano branco se via as copas das arvores
O sol veio forte e com seu calor tudo que havia de verde foi queimado ..
Só retaram as mudas que se encontravam no galpão,tudo havia morrido queimado pelas pedras de gelo.A Fazenda Campo Redondo fora a mais castigada.Eu cheguei a ver e ler a reportagem  que a Revista O Cruzeiro fez com papai,onde ele contava que nada ficara vivo em suas plantações.Na capa trazia meu pai tirando o gelo de volta de casa, meu irmão ao lado de mamãe que me trazia ao colo!Por um bom tempo ainda vi esta revista em casa,mas depois ela despareceu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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26 de mar. de 2012

O granizo de janeiro de 1945!

Eu ainda nem sabia onde estava,quando a região onde eu morava foi assolada por uma forte chuva de granizo!
Tudo que vou lhes contar,eu não vi e se vi não entendi,mas essa história faz parte da minha família,e me foi passada por eles.
Janeiro de 1945 estava muito quente,e a alguns dias não chovia.Eu ainda não tinha um mês e vovó ia trabalhar no lugar de minha mãe que ainda estava de "resguardo".
Como a tarde estava muito quente, mamãe,sabendo que todos estavam trabalhando  no cafezal próximo a nossa casa decidiu ir ver como estava indo o serviço e assim poderia me apresentar a um pé de café, que segundo ela seria o meu futuro!
Como havia algumas nuvens e ainda estava de resguardo pediu que Natália atrelasse a charrete e a acompanhasse.(Natália estava fazendo companhia para minha mãe,durante a dieta.)
Todos nos receberam com muita alegria e eu passei de mão  em mão.Dizia vovó que meus olhinhos brilharam quando me mostraram  pé de café !Meu avô José comentava que foi aí que nasceu meu amor pela terra, pois nenhum neto seu havia ido a roça antes de 3 meses eu fora a única!
De repente o tempo fechou pegando todos de surpresa e começou a chover granizo!Todos se apavoraram pensando em minha mãe e eu.Natália, negra experiente agasalha mamãe e eu, nos colocando debaixo do pé de café mais frondoso,enquanto foi pegar a charrete.
Dizia mamãe que realmente o pé de café nos proteger e assim pudemos voltar sã e salvas para casa,enquanto as pedras continuavam a cair!!!!!!!!!!!!!!..............................................................................................

O respeito pela terra!

Eu sempre me refino ao lugar onde nasci e vivi  a minha infância como "o sítio",mas na verdade era muita terra,mas meu pai acreditava que a terra era sempre terra independente do nome que se dava: chácara,sítio ou fazenda.
O homem dessa época  acreditava que a terra era o bem mais precioso e eles a lavravam como se tivesse acariciando-a.
Meu pai tinha várias famílias de colonos,que viviam próximos a nossa casa e eram tratados com todo repeito,e consideração!
Meus pais eram muito amados por eles.Dentre eles havia  a família da  Natália que quando eu nasci havia acabo de dar a luz o um menino,no dia em que nasci ,deu menos mama para seu filho para reservar para mim.
Foi aí que mostrei a que tinha vindo ,dispensando o seu leite,aguardando o da minha mãe.
Seu filho, um negrinho lindo, foi meu primeiro grande amigo me acompanhando por muitos anos em todas minhas travessuras pelo sítio.
As fazendas de papai eram exclusivamente cafeeiras,havendo ainda o plantio de algodão e banana.
A banana era colhida  verde e vendida em sua totalidade para uma fábrica nova de esmalte, a Bozzano.
De toda terra que possuía papai reservada uma parte bem grande para que os colonos ,em regime de meeiros,plantassem alimentos para todos.
Papai entrava com todos os custos e na época da colheita tudo era dividido com todas as famílias,inclusive a nossa.Na verdade quem mais trabalhava era meu pai ,organizando o trabalho de todos,distribuindo as tarefas,adquirindo sementes ou mudas e lavrando a terra com os colonos!
Cada pessoa que via meu pai lavrando a terra percebia como era grande o amor e gratidão que ele tinha pela terra!!!!!!!!1

24 de mar. de 2012

Dia dedicado ao teatro!

Neste dia em que se comemora o "Dia do Teatro,nada mais justo do que homenagear André Luiz ,meu filho mais novo que fez do teatro sua paixão!
Desde muito pequeno era extrovertido,risonho,gostava muito de falar e logo cedo demonstrou tendencia para as  artes.
Logo que mudei para Valinhos,quando ele tinha 4 anos consegui matricula-lo no Conselho Municipal de Cultura,onde ele fez teatro com o professor Jô e desenho e pintura com José Robert Mícoli por toda a infância até 11anos ,quando passou a fazer parte do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas,com o Wal e o Maurício.
Aos 13 anos foi representar o Brasil ,com jurado,num Festival de cinema para adolescente, em Paris.
Fez teatro  na Casa de chocolate em Campinas e culminou seus estudos fazendo ARTES CÊNICAS  na UNICAMP.
Se dedicou a arte de representar viajando o Brasil todo e até mesmo Portugal e Espanha,quando percebeu que estava perdendo a melhor parte da vida de seu filho: a infância.
Fez mais algumas peças,mas logo passou a se dedicar exclusivamente a iluminar  e sonorizar peças teatrais e show, conseguindo assim se dedicar mais  a sua esposa e filho.
Hoje beirando os 40 anos presta serviço a prefeituras,grupos de teatro e de show.
Ele está feliz pois conseguiu estar no  teatro  fazendo iluminação e som e ainda dar a devida atenção a sua família!!!!!!!!!!!!!

23 de mar. de 2012

O dia de fazer farinha

Na roça nós comíamos, no geral, só o que plantávamos .Se plantava de tudo para consumo de nossa família e dos colonos,que residiam no sítio.Alem  de  plantar tinham ,principalmente os grãos que ser beneficiados,aí entrava em ação o monjolo do qual falei ontem. Tudo era feito no próprio sítio.
Aos poucos irei relatando como tudo acontecia,Hoje  quero lhes contar do dia em se combinava fazer as farinhas
O milho era plantado,colhido e bem escolhido.Os homens traziam da roça e levavam até a casinha do monjolo,onde havia uma enorme chapa.Todo o serviço pesado era feito pelos homens ,as mulheres secavam e torravam a farinha,colocando fogo embaixo da chapa.Elas se revesavam no mexer a farinha,precisava mexer constantemente.
Eu não lembro as etapas para se fazer a farinha, lembro que os homens colavam o milho em um saco branco e havia uma água corrente,desviada do rio onde eles eram depositados.Lá eles ficavam dias para depois as mulheres virem fazer a farinha.
A mandioca chegava suja ,era descascada.lavada.As mulheres a ralavam ,punham escorrer num saco branco.Daí elas tiravam o polvilho doce e deixando uns dias, o polvilho azedo.Esse mesmo método era usado para  se fazer a fécula de batata doce.
Enquanto as mulheres trabalhavam nós , as crianças brincávamos perto do monjolo.Só corríamos quando sentíamos o cheiro do biju assado!Era uma grande festa.
Nunca  mais comi um biju tão saboroso!

22 de mar. de 2012

Como a água era importante para nós!

Hoje dia da água lembrei-me de como nós vivíamos e nos juntávamos ao redor do rio. No sítio as casas eram construídas bem próxima ao rio. Dependíamos dele para tudo.As tábuas de lavar roupa era colocadas bem na beirada na margens.Não se desmatava as margens dos rios pois intuitivamente o homem sabia que elas protegiam o leito do rio.A agua era límpida,podíamos ver os peixes nadando.
Próximo onde eu morava havia muitas minas,de onde retirávamos a água para beber.No geral as minas ficavam cercada por vegetação e meu pai mantinha muito limpo a nascente,e mantendo as plantas ao seu redor.
Não se permitia pisar ou nadar onde a água brotava da terra.Foi usando uma mina que ficava um pouco mais elevada que minha casa que papai,inteligente como ele só,usando uma taquara especial conseguiu levar água até a cozinha de casa .
Foi um sucesso!Vinha gente de toda parte para ver o que meu pai havia feito!Para evitar desperdício papai colocou na ponta da taquara que ficava em casa, uma rolha que era tirada quando se ia usar.
Ao lado do rio havia o monjolo movido a água que era usado para fazer as farinhas de milho,de mandioca e o delicioso BIJU! Até hoje no silencio da noite tenho a impressão de ouvir a batida do monjolo!
A roda d'água era como motor das bombas de água de hoje!
Onde o rio alagava nas enchentes se plantava o arroz da água, que mataria a fome de todos .
Os sitiantes respeitavam as águas pois dependiam dela para viver, mas hoje o homem se julga tão auto suficiente que resolveu destruir a sua maior fonte de vida!!!!!!!!!!!!!!!

20 de mar. de 2012

Artesanato

Ontem Dia de São José,foi o dia dedicado aos artesões! Fiquei a imaginar que tudo ,antes da era industrial era feito a mão .
Veio a memória os lindos móveis feito pelo tio Guerino,como eram lindos,bem feitos!Que artesão fabuloso ele era!
As lembranças não param por ai: lembrei-me dos objetos que meu pai fazia de taquara,eram balaios, cestos,peneiras para se passar o feijão e sua facilidade em transformar pedaços de madeiras em objetos.Hoje se estuda muito para se fazer uma escultura e meu pai em minutos só usando se canivete dava vida a um bicho,um navio,um avião,frutas..............
O que se dizer da facilidade que vovó Rubina tinha em transformar roupas velhas em lindos acolchoados que eram admirados por todos.
A beleza dos bordados de mamãe era conhecida e admirada por todos.Ela era mestre na arte de bordar!
Imagine se hoje vocês conhecessem uma italiana sem o olho direito e que fizesse maravilhas com agulhas,tenho certeza que procuraria levá-la a TV.Vovó Bárbara só com um olho foi a maior artesã que conheci.Ela conseguia transformar fios retirados das taquaras em lindas toalhas,cortinas e colchas.
Suas mãos pareciam uma máquina transformando fios em objetos de adorno ou de uso pessoal.
Se eu fosse falar sobre todos os artesões que passam pela minha vida,este blogger seria pequeno,pois sou anterior ao BUM da Industrialização!Quando nasci deitei em um berço feito a mão,quando aprendi a sentar usei uma cadeira  feita a mão com acento tecido com taboa.Eu andava de carroça que era construída a mão.
Resumindo tudo que me cercava tinha sido feito, quase sempre, pelas mãos de meus parentes!!!!!!!!!

19 de mar. de 2012

Como era caro tirar fotos

Quando mudei para a rua Stélio Machado Loureiro conhecemos a o sr Zé Rojão,que era fotógrafo e residia um quarteirão a cima da minha casa.
Naquela época era raro quem tinha uma máquina fotográfica, e a para ganhar mais ele alugava máquina com filme e depois cobrava a revelação!
Seu Zé Rojão tinha esse apelido porque trabalhou muito tempo fazendo rojão.Era um senhor muito atencioso,tratava a todos com muito respeito e consideração.
Lembro-me do primeiro dia em que decidimos alugar uma máquina,nós iriamos visitar os avós no sítio e queríamos tirar fotos de todos de lá.
Por uma semana eu atormentei seu Zé indo todos os dias ver as máquinas,pedir orientação.
No sábado lá fomos minha irmã e eu para alugar nossa primeira máquina.
Lá chegando fui logo mostrando para ela tudo que precisava fazer para se tirar um boa foto.
Expliquei que quando estava sol tinha que por no desenho do sol e quanto estava nublado precisava por no desenho das nuvens.Precisava apertar o botão disparador e depois bobinar o filme pois senão acavalava as fotos umas sobre as outras.
Minha irmã perguntou para o fotógrafo como eu já sabia tudo isso e ele pacientemente explicou que eu fiquei a semana toda  aprendendo com ele.Demos a ele o dinheiro contadinho e saímos como se tivéssemos feito o maior negócio do mundo!
Em casa foi a maior festa a chegada da máquina,todos queriam te-la nas mãos e eu como papagaio ia repetindo tudo que havia aprendido.Trocamos de roupa e fomos tirar a primeira foto nas escadarias da igreja Matriz.Foi uma amiga da minha irmã que bateu!
Eu havia cortado o cabelo pela primeira vez e tinha feito permanente,estava me achando o máximo .Minha irmã com sua blusa bordada e a saia de listras nem se mexia de medo de estragar o cabelo!
No domingo choveu prá valer e não pudemos ir ao sítio,mas quando a chuva passou tiramos fotos da vizinhança!!!!!!!!!!!!!!!!!

18 de mar. de 2012

Que saudades do tio Silvério!

A irmã de minha mãe,tia Esperança ,era casada com um português chamado Silvério.Eles moravam na Rua Pernambuco em Avaré.Nós íamos constantemente a sua casa e vice-versa.Eu logo cai nas graças de meu tio,que desenvolveu um carinho muito grande por mim,chegando a me pedir para meu pai,que até se ofendeu.
Nós estávamos  sempre nos visitando.Pude conviver toda minha infância co tio Silvério!Foi com ele que conheci a historia de Portugal que foi uma grande potencia na época dos grandes descobrimentos.
Ele era um português que adorava sua terra.Falava com amor e saudades dos casarios de pedra,dos vinhedos,da alegria de seu povo!
Sabia como ninguém preparar uma bacalhoada, pasteis de Santa Clara,quindim, baba de moça,e muitos outros doces!
 Eu aprendi com ele que antigamente em Portugal a moça que não se casavam,ou tinha algum problema as famílias ricas mandavam para o  convento,que era mantido por essas famílias ricas.
O habito da freiras era engomado usando claras de ovos e elas para aproveitas as gemas inventaram doces com as gemas, que ficaram famosos.
O partido político de meu tio apoiava Ademar de Barros,enquanto o que do meu pai apoiava o Hugo Borghe para governador e meu tio era um ademarista fanático.
Lembro-me que meu tio me punha sentada na mureta da área de sua casa e manda eu gritar VIVA  O  ADEMAR  DE BARROS! Meu pai ficava uma fera  Minha avó Bárbara dizia que toda pessoa que marca sua passagem pela terra ,tornava-se imortal.
Meu tio se eternizou quando me ensinou a cozinha portuguesa!Cada doce ou comida que faço ou ensino para alguém tio Silvério revive!!!!!!!!!!!!!

14 de mar. de 2012

Como é duro ser diferente!

Fui criada diferente da maioria das pessoas.Sempre fui cercada  por muito amor, dedicação,mas muito foi exigido de mim desde a mais tenra idade.Nunca me foi dito que algo era perigoso ou impossível de se fazer.
Sempre soube que meu Pai era o dono do mundo,tudo que existe me pertence basta eu fazer por merecer!
Aprendi que valho por o que sou e não pelo que aparento ser,a nunca dizer eu sou,mas sim agir com sou!
O que vale são suas ações e não o dizer que é!
Aprendi a querer muito e a lutar para sua conquista,mas nunca a querer só porque os outros tem!Sou muito seletiva e meus gostos difere da maioria das pessoas.Enquanto a maioria das mulheres pensa em comprar roupas ,sapatos eu penso em assinar revistas e jornais para me atualizar,a comprar o que há de moderno em utensílios para cozinha ,que é minha outra paixão!
Essa minha maneira de ser, me coloca contra a maré do que as mulheres o são e já me custou muito!
Uma das coisas que mais me acontece é baterem em minha porta e quando eu atendo pedirem para chamar a patroa.Simplesmente digo que a patroa não está!
Outro fato engraçado que aconteceu comigo foi que logo que mudei par Cerqueira uma das vizinhas,bem pobrezinha,veio me oferecer osso que ela tinha ganho para eu fazer sopa.Agradeci e disse que eu já havia ganho.Só anos depois, que ela ficou sabendo que eu era professora é que rimos muito do acontecido.
Certa feita fui convidada para participar de uma reunião na UBS onde eu ia fazer curativos todos os dias e uma servente,na hora que entrei  na sala disse que eu precisava dizer nada,só concordar com o que a responsável pela UBS falasse.Qual não foi a surpresa de todos quando o secretário de saúde do município ao entrar e me ver,foi logo me cumprimentando e me apresentando para todos como a professora que mais  lutou ,na cidade pelo bem da comunidade.Foi aí que eles descobriram quem na verdade era aquela que as vezes foi tratada até com certo desdem.A verdade sempre aparece!!!!!!



12 de mar. de 2012

Outras mulheres da minha vida!

Antes dos 9 anos conheci a mulher que mais tarde seria muito importante na minha vida!Dona Cinira devagarinho foi adentrando na minha vida.Com ela aprendi que o dinheiro compra tudo menos a felicidade..
Ela foi meu ombro amigo quando da ida de minha mãe para alem vida,ela e sua filha Ana Maria foram minhas companheiras,me tirando da solidão.Quando mudei para Apiai e a Ana foi comigo ,Dona Cinira para lá mudou.Ela e a Ana Maria me ajudaram a criar meus filhos,o mais velho ,ainda em Cerqueira quando ela enxergava e o mais novo em Apiai ,já cega mas descrevia meus filhos como se enxergasse.Dizia que os via com os olhos do coração.
Em Apiai meu Pai colocou em meu caminho a Dona Georgina que foi uma mãe para mim e ótima avó para meus filhos.
Vindo para Valinhos aqui encontrei dona Lourdes que desde o primeiro momento parecia que estávamos juntas a muitos anos,é uma irmã de coração e alma.Nossa amizade ultrapassa distâncias e tempo, estamos .sempre ligadas,mesmo que distantes.Ela é amiga para todas as horas!
Pouco depois de mudar para a Rua Dr Armando Costa conheci outra mulher que se não é minha irmã de sangue o é de espírito.Pressentimos os problemas uma da outra.Apesar de pouco nos vermos estamos unidas pelo coração
Mais tarde outras 3 mulheres entraram na minha vida; :minhas noras.Sandra uma mulher de valor lutadora,que me deu 2 netos e com sua separação,anos depois entra a Emília,moça inteligente e sempre pronta para ajudar que  me deu 1 neto,o mais novo.
Antes mesmo da Emília entra em minha vida,chegou a doce e amorosa Aniara.
Todas essas mulheres marcaram a minha vida e  marcaram minha existência!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

10 de mar. de 2012

As mulheres da minha vida!- parte 3

Com minhas avós,principalmente com a Bárbara,que eram italianas fortes capazes de reverter uma situação desfavorável, aprendi a lutar pelo que quero,a respeitar o semelhante e todas as criações do pai.
Foi com Bárbara que aprendi usando agulhas de trico,crochê,tunisiano,tear a transformar fios em obras de arte!

Com  a Rubina aprendi a ser prática e não deixar a emoção comandar minha vida.Ela era uma mulher bem  pequenina mas com um olhar comandava com mãos de ferro seus 5 homens:4 filhos e meu avô José!
Minha avó  por sua vez,conseguia fazer meu pai seguir seus conselhos,pois era muito sábia,aliás as mulheres de antigamente,sábias e inteligentemente conseguiam comandar a vida do casal,dando  a impressão que as decisões eram tomadas pelos homens!Hoje os papeis se inverteram, são os homens que manobram a situação e a mulher se gaba de ser independente!
Bárbara que apesar de ter um só olho ,fazia coisas lindas   me ensinou que as limitações somos nós que nos impomos!Eu tudo posso,basta querer!
Já crescida  com personalidade forjada pela minha família conheci outra mulheres fabulosas como as que comigo lutaram pelos animais!
Na década de 70 Valinhos tinha 3 mulheres que lutam pelos animais: Ernestina,Susy e eu.
Ernestina no Pinheirão recolhia das ruas mais gatos do que cães,já Susy recolhia praticamente só  gatos e eu no Santo Antonio recolhia quase que só cachorros!Anos depois apareceria a Mara.
Vivíamos para os animais, Ernestina e eu decidimos trabalhar com política para agregar ajuda e proteção para nossa causa.
Susy compra uma chácara no Country Club e para lá leva seus animais enquanto nós  continuamos a enfrentar a sociedade valinhense, contando com o apoio de nossos amigos políticos,enfrentando processos e calúnias!!!!!!!!!!!!!!!!
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9 de mar. de 2012

As mulheres da minha vida parte 2



Quando da morte do meu irmão,após fazer o voto de pobreza minha mãe passou a só usar roupas simples e nunca novas,nunca mais usou pintura,seus cabelos eram só lavados,e nunca mais pôs um sapato.Na época eu com 3 anos e meio nada entendi ,mas com o passar do tempo passei a admirar muito mais minha mãe pela coragem de abandonar o luxo(suas blusas vinham da Ilha da Madeira PT) o orgulho de estar sempre vestida de acordo com a moda,de meias francesas,sapatos de salto.
Nunca minha mãe deixou de ser bem recebida por estar descalça e mal vestida ela continuou a ser a respeitável e capaz dona Nega, admirada por todos.
Todos acreditavam que essa fase passaria,mas foi assim que aos 49 anos e 11 meses ela partiu para alem vida!
Para mim foi um privilégio ter uma mãe com tanta coragem!Ela andava limpinha,cabelos sempre presos com um lenço na cabeça!Seus pés descalços ,desenvolveram uma espécie de casca na sola como proteção,mas estavam sempre limpos.Ela dizia que voto de pobreza não incluía falta de higiene,pelo contrário todo pobre só tem a limpeza como arma de luta!
Mamãe sempre foi muito admirada pelas minhas amigas e paparicada pelos meus pretendentes.
Ela foi única em tudo que fez.Primeiro foi a primeira a importar roupas e sapatos e depois foi a única a abandonar tudo e só se dedicar a família.Continuou  a bordar divinamente,mas nunca para ela mesma.Uma coisa ela nunca mais fez:ela nunca mais costurou,principalmente roupa masculina.
Acho que consegui entender a sua mensagem com esse comportamento e procurei aplicar em minha vida:O IMPORTANTE  NÃO É A APARÊNCIA, MAS SIM  A ESSÊNCIA!!!!!!!!!!!!

8 de mar. de 2012

As mulheres da minha vida! Parte1

Neste Dia Internacional da mulher,presto homenagem a todas as mulheres,contando as histórias das mulheres da minha vida,como elas contribuíram para minha formação.e todas
A mais importante de todas foi minha mãe,mulher autoritária,inteligente",pau para toda obra",era uma mulher fina,educada mas capaz de desenvolver qualquer serviço masculino.Uma mulher alem do seu tempo.
Sua mãe,minha avó Bárbara era alta elegante,comedida,valorizava o ensino,apesar de não saber ler.Tinha mãos de ouro.Em suas mãos as linhas se transformavam em obras de arte.
Rubina, a mãe de meu pai, foi a mulher mais racional que já conheci.Sabia como ninguém dominar as emoções!Tem ainda minha irmã de sangue,que é meu oposto,a de coração e alma com quem me identifico,a minhas irmãs de alma,que sabe toda minha vida,e presente quando estou triste,as minhas irmãs de luta pelos animais!
 Minha mãe era muito orgulhosa,nariz arrebitado como dizia minha avó sua mãe,
foi com ela e sua mãe que aprendi que" sou filha do dono do mundo",portanto tudo posso.com ela aprendi a cozinhar,e fazer todo tipo de bordado,inclusive o Richele.Com vovó Rubina aprendi a ser mais racional que emocional.
Dominei o trico,crochê ,tear com vovó Bárbara,que também me ensinou a cozinhar,Maria Clarice é minha irmão de coração,foi quem me ensinou a falar português É ela que liga constantemente para saber como estou!Minha irmã de sangue da sua maneira também gosta de mim!!!!!!!!
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