1 de jan. de 2011

No sobrenome trazemos a história construída pelos antepassados!

A vida seguiu seu curso!
Eu que nasci tão diferente, continuaria única na maneira de ser, sentir ou agir. Nunca quis ser igual aos outros, sempre quis ser eu mesma, toda poderosa, a filha do dono do mundo, pois foi assim que me ensinaram: eu tudo podia bastava querer.
Uns dos primeiros ensinamentos que recebi, foi a importância de meu sobrenome - Porto - pois ele trazia a responsabilidade de uma história começada por meus antepassados e que eu deveria continuar com tanto brilho como eles fizeram.
Eu trazia a certeza que nós temos um só pai, portanto somos todos iguais, nem o racismo da mulher que foi meu exemplo de vida, minha avó Barbara, conseguiu me afetar.
Logo cedo demonstrei a que tinha vindo: viver e aprender, o resto seria só consequência.
Enquanto minha irmã gostava de se arrumar, eu queria viver livre e solta, como um bichinho no mato.
Antes do sol nascer meus pais e meu irmão, seguiam para a roça, após mamãe tirar o leite e servir um farto café. Nós comíamos polenta com leite, pão italiano, mel, geléias, tudo regado com muito amor.
A minha irmã raramente ia, ela gostava de ficar com minha avó Rubina.
Eu e minha avó Bárbara, ficávamos em casa, enquanto vovó preparava as comidas eu brincava.
Depois de tudo pronto, a comida era colocada em duas cestas enormes que amarradas eram colocadas no lombo da égua Baliza, vovó se acomodava na cela, eu ia na sua frente sentada.
Mesmo andando devagar, logo chegávamos onde todos trabalhavam. As 9h00 era servida a merenda e depois das 11h00 era servido o almoço. Vovó ficava  então trabalhando na terra, até 15h00 ou 16h00 quando eu e ela íamos embora.
Todos os dias eram iguais, menos nos sábados, em que o trabalho terminava na hora do almoço, só para as mulheres. Era à noite que à família se reunia ao redor de uma mesa enorme. Nessa mesa havia só alegrias, os problemas eram deixados fora dela. Vovó dizia que a hora das refeições era sagrada.
Já noite, papai ia tocar ou cantar no terreiro com os outros homens, enquanto as mulheres, na sala bordavam, faziam tricô ou crochê. Eu ficava atenta a tudo procurando aprender.

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