20 de jan. de 2011

Cada vez que vejo uma paineira, volto no tempo!

Atravessando a estrada, bem em frente a casa dos meus avós, havia uma paineira imensa, que uma vez por ano, fornecia material para encher almofadas, travesseiros e colchões, mas a sua principal utilidade era abrigar vovô José e seus netos. Sentados em suas raízes nos chupávamos cana, laranja, abacaxi, e outras frutas da época.
O que mais nos divertíamos era as histórias que vovô nos contava. Ele misturava as histórias infantis que sua mãe lhe contara com as suas histórias de vida. Nós divertíamos muito.
Até hoje quando vejo uma paineira grande, volto aquela época feliz de minha vida.
A história que mais me marcou foi a naturalização de meus avós. Era época de guerra e temendo por sua família, decidiu se naturalizar, o que ia contra a decisão dos outros italianos de Avaré e região. No dia marcado José e Rubina compareceram no prédio indicado. O prédio tinha dois andares e estava cercado por italianos que queriam impedir as naturalizações.
Enganando a todos ele e vovó entram no prédio, assinam os papeis e se tornam oficialmente brasileiros.
O difícil foi sair pois o número de italianos havia aumentado muito e estavam violentos; como a coragem nunca foi seu forte, meu avô só viu uma saída, pular pela única janela onde não havia aglomeração. Pensado e feito, ele deslizou pelas paredes até em baixo e se pôs a correr fugindo da fúria dos amigos.
Vovô José morreu afirmando que não havia renegado a Itália, só queria assegurar o direitos de seus filhos na nova terra, tanto que ele nunca deixou de votar.
Minha avó sempre afirmou  que nesse dia ela saiu tranquilamente pela porta da frente pois não era esperada

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