25 de jan. de 2011

Como foi difícil a vida de uma roceira na cidade!

Antes do almoço já estávamos na nova casa. A casa era grande, mas em nada lembrava a casa do sítio. Tinha três quartos, uma sala imensa, tudo dando para uma sacada bem grande, a  cozinha da casa era junto com a sala de refeições. Na parte de baixo ficava o bar bem sortido e o salão imenso com mesas e cadeiras para se servir as refeições, uma cozinha imensa e um quintal pequeno.
Na minha primeira saída  a rua com meu cachorro,me senti como um animal, enjaulado num zoológico, aberto para a visitação pública. Todos me olhavam de cima em baixo, me analisando.
O que me alegrou foi conhecer o dono do bar próximo a minha casa, o Carioca, ele gostou de mim bem rápido, o que mais o aproximou foi a cor dos meus olhos, que segundo ele eram os mais lindos que ele havia visto.
Todos os dias eu ia lá, comprar sorvete e principalmente conversar com o Carioca.
No mais tudo era uma chatice. Eu não tinha onde ir até que vovó  Bárbara decidiu fazer uma horta na chácara que papai possuia na saída da cidade. Como pegava todo o quarteirão, as casas alugadas ficavam na frente e no fundo ficava o pomar e o terreno onde foi feito a horta.
Daí em diante todos os dias eu e ela íamos para lá. Eu brincava na terra, subia nas árvores.
O desagradável é que tive de fantasiar de menina da cidade: vestido da moda ao invez de minhas roupas surradas, sapato boneca nos pés, e até permanente me fizeram. Fiquei parecendo uma boneca sem vida.
A minha alegria de viver tinha tirado férias.

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