2 de jan. de 2011

Todos temos uma hora para nascer e uma para morrer!

Meu irmão além de muito bonito era de uma inteligencia rara, aprendia tudo com muita rapidez. Entrou na escola e em um ano fez três séries, com 9 anos estava passando para a quarta série.
Em meados de 1948, novamente minha família foi sacudida pela vida.
Minha mãe trazia a casa brilhando, o assoalho de tão brilhante refletia o que estivesse por cima, havia almofadas espalhadas pela sala, em tudo havia beleza e bom gosto.
Certo dia meu irmão chegou da escola radiante, havia tomado vacina anti-tetanica, e já estava de férias! Nesse dia mamãe decidiu fazer faxina, mas não tinha querosene para dissolver a cera de abelha, ordena ao meu irmão que fosse buscar, em Barra Grande, que era bem próximo á minha casa. Ele disse que não iria, e ela o ameaçou. Chorando de raiva ele vai buscar.
Como o trem passava perto de casa, foi e voltou de trem para chegar  rápido, mas na volta ao pular do trem machucou  o joelho. Ao chegar em casa, mamãe que já estava  triste por ter sido ditatorial com seu filho amado, preocupada cura o machucado e pede desculpas pela sua maneira de tratá-lo.
Deitamos cedo, pois no dia seguinte o serviço seria puxado. De madrugada, vovó acorda com um ruído estranho, parecia sororoca (ruído que as pessoas moribundas fazem). Imediatamente chamando por minha mãe, corre para meu quarto, pois eu havia sido desenganada pelo médico, como eu dormia calmamente, vão ao quarto da minha irmã e por último ao quarto do meu irmão.
Apavoradas descobrem que meu irmão agonizava. Rapidamente partem com ele para o hospital de Avaré. Apesar da junta médica, antes do amanhecer meu Faz a grande  viagem. Seu corpo é velado na casa de minha tia, na rua Pernambuco, em Avaré.
Tenho a pior recordação de minha vida. Enquanto todos velavam o corpo, eu brincava na frente da casa, ao lado do registro d'agua, e ouvi de duas mulheres algo que mexeu muito comigo.
Uma delas disse "Você viu que desgraça se abateu sobre essa gente, esperavam a morte dessa menina e foi o sadio que faleceu".
Será que elas pensavam que eu era surda? Foi aí que na minha inocência eu pensei "Não vou morrer, não vou dar esse gosto para essas mulheres". Acredito que daí vem minha força para lutar contra tudo e todos.
Após o enterro,  arrasados fomos para casa. Minha mãe estava fora de si e ao chegar em casa, põe fogo no guarda-roupa, porque acreditava que foi seu orgulho que o matou. Fez então, voto de pobreza, alegando que seu orgulho não mataria mais ninguém. Desde então ela nunca mais pôs uma roupa nova e nem sapatos. Viveu na pobreza, apesar de termos posses. Para nós tudo para ela nada.

Um comentário:

  1. Ada cheguei aqui procurando por uma imagem de fiando na roca, gostei do seu relato de vida, ainda estou lendo,mas de que morreu seu irmão? Do ferimento? De tétano?
    Abraço

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