Tínhamos muitas atividades extra curricular, no ginásio. Os alunos tinham as ideias e se fosse boa os professores apoiavam dando orientação. Eu que adorava ler tive a ideia de fazer um jornal,que também trouxesse notícias da cidade. Todos acharam a ideia ótima, mas quase
impossível de se colocar em prática devido o alto custo do material que
se utilizaria.Não me dei por vencida, parti para a luta. Papai pertencia a
um partido político e eu havia conhecido um famoso jornalista do mesmo partido. Na reunião, fui com papai e como sempre o jornalista lá estava.Eu sabia que Carlos Lacerda admirava minha inteligencia e minha fluência verbal Tomei a liberdade de contar dos meus planos. Ele ouviu tudo com muita atenção e pediu um tempo para ver o que poderia fazer para a realização do meu desejo. Não contei nada para ninguém, a não ser para meu pai. Certa que teria ajuda passei a pesquisar sobre o assunto.Imaginem quem ,eu seria hoje se naquela época pudesse contar com a Internet.Uma semana depois, os políticos se reuniram para um jantar.Mamãe é que preparava toda a comida. Quando fomos levar o jantar, que seria em uma fazenda da cidade, Carlos Lacerda nos trouxe de volta. Chegando em casa saímos do carro, agradecendo pela carona, quando ele pergunta se não poderia descer para tomar um café.Papai ficou feliz e rapidamente disse que ele nos daria uma honra imensa.Tomamos licor e ele pediu para falar com, papai em particular. Depois da conversa foi embora dizendo que estava combinado que nos veríamos no Rio de Janeiro. Naquela noite meus pais conversaram muito como se planejassem algo. No outro dia no café da manhã foi me dada a notícia um avião me levaria para o Rio de Janeiro, para conhecer como se fazia o jornal A Tribuna da Imprensa.Fiquei eufórica! No dia marcado eu e papai fomos até a fazenda Jamaica e de lá seguimos de avião até nosso destino. A viajem foi ótima, não tinha os solavancos que a carroça dava. Achei tudo muito interessante:como chegavam a notícia e como era escrita, até sua impressão. Era bem complicado e caro, mas um técnico me levou a uma loja onde conheci o mimeógrafo a álcool e como ele funcionava fazendo cópias.Tudo começava da escrita no estencio. Tudo que fosse feito nele poderia ser imprimido.Foi pedido que desenhasse o Rio. Mais que depressa desenhei um avião sobrevoando a Praia de Copacabana e nele estava escrito' A Tribuna da Imprensa saúda esta beleza natural. Esse desenho foi publicado no jornal com os dizeres ' contribuição da futura jornalista ADELIA.' Eu voltaria novamente ao Rio , mas para brilhar como representante da Divisão de Ensino de Botucatu, primeiro numa gincana de matemática e depois sobre a Grécia que foi minha grande paixão. No outro dia eu chegava à escola com todo material para o jornal da escola. Ganhei o mimeógrafo e 10.000 estencil.Agora sim o nosso jornal nasceria!
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