Finalmente entreguei os pontos

Venho por mais de 4 anos brigando com minhas dores,minhas limitações.Adoro cuidar de minha casa,dos cães,cozinhar,mas pela primeira vez me vi sem condições de executar qualquer tarefa.
Acredito que foi um grito de liberdade de meus músculos das costas que vêem sofrendo por carregar uma perna inútil.


.Ao levantar não consegui ficar em pé e ao colocar o peso no andador terrível dor me atacou.Parecia que minha prótese acabara  de se soltar!Meus músculos se transformaram em uma fábrica de dor!
Ao tentar arrumar a cama vi que pela primeira vez minha garra era menor que a dor.
Foi ,em 4 longos anos, o único dia em que não teimei em trabalhar!
Mais tarde, após colocar remédio,consegui, com muito esforço ir até a cozinhar e com dores fazer o almoço.
Pela primeira vez não teimei em fazer nada pois as dores eram terríveis.Mal consegui permanecer sentada!
É nessa hora  que os ensinamentos que recebi,me são úteis "quando tudo fica tão ruim é porque está perto de  acabar o sofrimento!!!!!!!!!!!!

As flores

As flores que vejo hoje nos jardins não são as mesmas que guardo em minha memória,da época de minha infância e adolescência.
Lembro dos lindos canteiro de Hortência azuis ou rosa ,cuidadas com esmero, que enfeitavam a frente das casas de Avaré.
Havia também enormes canteiros de lindas margaridas, brancas como a neve com seu miolo amarelo como o ouro.

Algumas casas tinham vários pés de rosa menina.As  rosinhas miudinhas mais pareciam gotinhas de cal derramada no verde das folhas.Essa rosinha era usada para problemas nos olhos!
Lembro muito de uma casa na rua Bahia que na frente tinha um enorme canteiro de boca de leão.Que flor mais linda,parecia mesmo uma boca!Eu adorava passar por lá e ficar admirando as lindas,coloridas e cheirosas flores.
Ah as margaridas,como enfeitavam as casas!Uma boa dona de casa não abria mão de ter em seu jardim pelo menos um canteirinho dessas fabulosas e amadas flores.
No Jardim Santa Cruz havia um lindo pé de manacás..Que perfume essa flor exalava!Com suas flores coloridas indo do azul,roxo e suas nuances conquistavam a todos.
Havia também a flor de são joão,que nascia nos campos no mês de junho e todos usavam para enfeitar suas casas.

Hoje quando vejo os jardins sinto falta da simplicidade de outrora,quando bastava você elogiar uma flor para a dona oferecer uma muda!!!!!!!!

A eclipse

Para que possamos nos localizar no tempo e possa ser entendido tudo de acordo com a época,preciso lembrar alguns fatos.Vamos comigo!
Quando esse fato aconteceu eu já sabia ler e escrever,mas só em italiano.Lembra que já lhes contei que aprendi a ler atravez das cartas dos parentes que vinham da Itália?
Minha curiosidade me levou a querer aprender a ler aqueles sinais que queriam dizer alguma coisa.
Foi usando o interesse e a curiosidade que mais tarde me tornaria uma ótima alfabetizadora e de pois uma educadora.
Como eu aprendi a ler por volta de quatro anos,então este fato se passa na década de 50,por isso que esse fato apavorou as pessoas simples e incultas.
Uma notícia corria com rasto de rojão: o sol ia desaparecer!
Nessa época não havia TV,e a maioria dos locais não tinha nem luz elétrica!
Todos ficaram apavorados,chorando muito,pois temiam que não haveria mais sol!
Meu avô José,catou seus livros e se pôs a estudar sobre essa possibilidade! Os colonos nesse dia n
!em foram trabalhar,esperando o fim do sol.
As beatas diziam que era castigo porque as mulheres começaram a mostrar os joelhos!Em fim todos colocaram a culpa no demônio, que tentava a todos!
Lá pelas 4 horas , o tempo mudou,parecia que ia chover. As nuvens tapava o sol.Todos ,reunidos na capela se puseram a rezar o terço!Havia muito choro.
Minha fam´lia estava em casa nos afazeres domésticos.Meu pai  estava na roça ,só voltou quando escureceu!
Realmente o dia viro noite.O sol desapareceu!os poucos começou a aparecer um círculo de luz que foi aumentando,aumentando até que se transformou em um lindo sol!



Eu acabara de ver minha primeira eclipse solar!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O que a vida nos reserva

Ontem soube uma notícia que me apavorou!Quando mudei para Cerqueira,conheci uma jovem dois anos mais velha que eu.Não fomos grandes amigas ,mas ótimas colegas.
Ela se casou bem jovem e o casal muito batalhou para acumular uma boa fortuna.
Eles trabalhavam de sol a sol, até mesmo debaixo de chuva.
Tiveram 3 filhos que pouco trabalharam,só estudaram.
Esses filhos casaram alguns foram viver fora e o casal continuava a trabalhar,sempre dizendo que não queriam  que seus filhos passassem necessidades.Todos os anos seus filhos trocavam de carro,graças aos pais.
\Enquanto tiveram força continuaram a trabalhar lavrando a terra e adquirindo bens!
Quando ele faleceu tinham uma bela fortuna em casas,muitas terras.
Um filho continuou a morar em Cerqueira,e pouca atenção dava a mãe,só usufruía dos bens herdados.
Ela ficou  só na casa onde vivera quase 50 anos, até que o degaste por tanto trabalhar começou a aparecer.
Sabe o que filhos  fizeram ? Delegaram as esposas o destino daquela que tudo tinha lhes dado.
Ela foi encaminhada para um abrigo de idosos, ou melhor um asilo.
Disseram que ela chorou muito por ser afastada de sua amada casa e que ainda hoje chora.
As noras alegaram que não tinham tempo para cuidar dela,se esquecendo que se hoje levam uma vida de dondoca foi pelo suor que ela derramou lavrando a terra para acumular riqueza para seus maridos.
Eu espero que isso não venha  a acontecer comigo,pois espero poder sempre ter uma vida independente!
Hoje meus filhos e noras nos dão todas as atenções possíveis,tentando adivinhar o que queremos.
 Eu sei que damos trabalho,eu por não andar e meu marido por não ter vivência social.
Meu marido ,as vezes parece uma criança descobrindo só agora o mundo ao seu redor.

Domingo mesmo meu filho mais velho nos levou no melhor restaurante que conhece e com paciência aguentou nossas gafes sem nos recriminar!!!!!!!!!

A mangueira do pasto

Eu era bem pequena, mas lembro do dia em que mamãe plantou as trés mangueiras no pasto,ante de se chegar em casa..
Foram meus familiares que completaram minhas lembranças,que eram vagas.Papai certo dia chegou em casa trazendo umas mangas grandes e muito saborosas!
Mamãe guardou todos os caroços e pôs para brotar.
Cinco deles brotaram e logo o lugar para plantar foi escolhido,era um pasto que ficava antes de se chegar em casa,que ainda estava descampado.
Eu lembro nitidamente de mamãe abaixada plantando os caroços brotados em fileira.Papai cercou ao redor para que o gado não pisotiasse.
Vi os primeiros brotos surgirem.Enquanto eu crescia as mangueiras iam acompanhando meu crescimento
Logo estávamos da mesma altura,mas antes que eu percebesse elas já eram lindas mangueiras.
Lembro das brincadeiras que eu e Tição fazíamos debaixo dela e nos seus galhos,primeiro frágeis e mais tarde grossos e fortes.
Que alegria o dia em que vimos as primeiras flores !Com curiosidade acompanhamos a transformação das flores em lindos frutos.
Não contamos para ninguém que já havia mangas!Quando elas maduraram nos lambuzamos de tanto chupar as mangas.
O tempo passou,eu mudei para a cidade,fiquei adulta, casei,tive filhos e cada vez que eu ia visitar meu tio ,que ainda morava próximo a elas eu ia ve-las e as vezes até achava umas mangas para chupar.Elas tinham o doce gosto de infancia e me traziam a mente lindas recordações!
A última vez que as vi foi quando levei meus netos  para conhecer  onde eu nasci.Elas estavam velhas,já
não davam frutos e suas frondosas folhas eram comidas pelo gado que lá estavam.
Enfileiradas,velhas infrutíferas elas mostravam como o tempo havia passado para nós!!!!!!!

meus amigos

Sempre fui uma pessoa  muito exigente em questão de amizades.Tive pouquissímos amigos, mas foram pela vida toda.
Nem mesmos meus primos conseguiram ser meus amigos,foram só companheiros de brincadeiras.
Quando pequena tive o Tição,que foi meu companheirão de travessuras no sítio.
Quando mudei para a cidade tive a Maria Clarice,que é minha amiga até hoje.Apesar de termos 300 Km nos separando,nos falamos até duas vezes por dia.Sabemos tudo que acontece com a outra e costumamos repartir até mesmo  um programa de TV.
Mais tarde acrescentei mais duas outras amigas,a Maria Angélica e a Nilza Gardim fomos muito amigas ,mas a vida se encarregou de nos separar.A Nilza já partiu para além vida e a Angélica nunca mais soube dela,só ouço falar do irmão dela o Campos Machado,presidente do PTB.
Enriquecendo meu rol de amigos,conheci Fernando Moreira que foi mais que um amigo,foi um verdadeiro irmão em todas as horas,O José Carlos,que já era amigo de Fernando,se incorporou ao grupo.
Mais tarde veio a dona Cinira,que foi uma mãe para mim e a Ana Maria sua filha.A dona Cinira já partiu, mas recentemente a Ana sabendo de meus problemas de saúde se ofereceu em vir me buscar e cuidar de mim.Isso que é ser amiga!
Na mesma época em que Ana Maria entrou em minha vida,duas outras menininhas passaram a ser minhas companheiras e protegidas,eram as minhas vizinhas Ana Maria Príncipe e a Jacira.A Ana hoje é minha amiga virtual,nos comunicamos sempre,a Jacira tenho recebido recados dela,mas não nos falamos mais.




A Dalida Luiza foi uma amigona, mas nunca mais soube dela.
A mais de  35 anos tenho duas amigas que na verdade são duas irmãs de coração,a Dona Lourdes  e a Vani,com as quais falo quase todos os dias.
Meus amigos da para contar com os dedo,s mas são amigos  de verdade, para o que der e vier!!!!!!!!!!

Vó Brasilia

Desde que casei,talves por ser loiro de olhos azuis e muito expansiva,nunca fui aceita pela família de meu marido.

Meu sogro era descendente de italianos,mas tinha uma formação completamente diferente da minha família.A minha sogra era uma mulata.

Dentre todos da família só havia uma que logo que me conheceu, se ligou muito em mim.

Era a mãe de minha sogra, uma mulata,quase negra que sempre me tratou bem.

Para ela eu era sua neta branca.Era com muito orgulho que ela me apresentava aos seus conhecidas.

Fazia questão que eu a chamasse de Vó Brasília.

Seu carinho me conquistou e ela foi a única lembrança boa dessa família.

Quando o Ulisses nasceu,loirinho como ele só,ela ficou doida de alegria.

Fazia de tudo para agradar seu bisneto branco.

Vó Brasília não teve uma vida fácil,sofreu muito e trazia no rosto esse sofrimento,mas muito bem enfeitado pelo seu sorriso farto.

Apesar da miséria em que vivia,estava sempre de bem com a vida ,diferente de sua filha que era amarga e carrancuda.

Eu adorava estar com ela,ouvir suas história,dar a ela um pouco de alegria.

Se ela ganhasse uma fruta,deixava de comer para servir a mim e meu filho.

Ela com seu andar lento,arrastando o chinelo,sem ter nada para si foi ,sem dúvida nenhuma, a melhor bisa que meu filho poderia ter!!!!!!!!!!!!!!

!7 de janeiro de 1967

Horário de verão!Dia chuvoso!A lusa está em festa pois neste dia recebe para engrossar seu time,nada mais do que Marinho Perez que faria estória com suas dobradinhas.
Jovens se amontoam na frente de uma casa de show no Rio de Janeiro para comprar ingresso para ver um grupo de rock americano.
Rua Três Ranchos, Cerqueira César ,mal o dia tinha começado, ouve-se o choro de um recém nascido.
Embalado pelo ruído da chuva ,iluminado pelos relâmpagos um novo cerqueirence vinha a vida!
Criança enorme,de traços bonitos,olhos azuis como o céu,pele clarinha com o rosado da saúde!
Seu choro forte já demostrava que sabia a quem tinha vindo!
Sua cabeça, de italiano, era coberta por um cabelo tão loiro e fino que mais parecia uma penugem.
Suas mãos enormes,gordinha,já demostrava que tinha vindo para servir ao próximo.
Sisudo,de sobrancelha arqueada,com uma papada,demonstrava que estava pronto para enfrentar o que der e vier.
Assim como um grupo de machileiro se punham nesse dia na estrada,esse novo ser se punha na longa estrada da vida,sem saber o que estava lhe reservado!
Menino forte cresceu rápido e aos 8 meses dava seu primeiro grito de liberdade:andava com suas próprias pernas!Nunca mais parou!Correu atrás de seus sonhos, cometeu erros,mais acertou que errou nessa sua luta pela vida!
Cresceu,trocou seus olhos azuis por castanho,o loiro do seu cabelo por uma careca,mas conservou sua integridade moral.
Hoje, pai exemplar,marido amoroso,filho espetacular,esse ser que coloca o servir em primeiro lugar,poderia se dizer realizado,mas com bom brasileiro sonha alto e neste ano muda toda a sua vida e parte para um novo desafio!


Esse ser abençoado por Deus, nada mais é que meu filho Ulisses,que hoje completa 46 anos de uma vida bem vivida!!!!!!!!

Minha certidão de nascimento

Eu nasci as 11:30 h do dia 25/12/1944,fui batizada em 10/01/1945,por meu tio João do Porto e sua esposa Alice,na Igreja Matriz  Nossa Senhora das Dores, em Avaré, pelo padre Celso,o mesmo que casara  meus pais e batizara meus irmãos.
Até essa data eu ainda não tinha sido registrada.No dia 15 de janeiro meu pai procurou o cartório para me registrar.
Caio era o nome do italiano que era dono do cartório.
Papai era muito amigo desse senhor e de sua família!

Quando papai disse que queria me registrar,Caio,na sua santa   inteligencia disse que se papai quisesse, poderia tirar uma era da menina,era só registrar como se houvesse nascido em janeiro.
Ele explicou que por alguns dias só,eu seria da era 44,sendo que se me registrasse como nascida em janeiro,minha era seria 45.
Quando eu falo que italiano quando se junta  só sai besteira,ninguém acredita.Olha só o que eles fizeram comigo.
Tendo nascido em uma data tão linda,me registraram em 15/01/1945.Segundo meu pai uma era mais nova.
Vejam bem, sou a única pessoa batizada antes de nascer,não é?
O importante agora é que tenho dois aniversários:o legal e o real.
Eu só comemoro no dia em que realmente nasci: no Natal a outra data é só para para constar dos documentos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Uma coisa puxa outra

Contando as histórias de bancos me veio a mente meu primeiro pagamento do estado como professora.
A realidade dessa época era outra e não se tinha tanto acesso a bancos, só os mais ricos eram quem tinham conta.

Os funcionários e professores do Estado, no dia marcado compareciam a Caixa Econômica e apresentando a identidade ,recebiam seus salários em dinheiro vivo,depois assinavam em um livro o recebimento.
Quando se começava trabalhar ,demorava 6 meses para receber o primeiro pagamento.Recebia de uma só vez os 6 meses.
Eu comecei a trabalhar em fevereiro e só fui receber no dia 10 de agosto  do mesmo ano, o meu primeiro salário.
Lembro que fui ao banco com uma bolsa pequena e recebi tantos pacotes de notas que teve que ser colocado em um saquinho de compras..
Depois de assinar pela primeira vez o livro, sai toda garbosa com tanto dinheiro.
Nessa época minha mãe já havia falecido e eu aproveitei uns feriados para ir fazer compras na Argentina.
Que maravilha!Quantos cashemer pude comprar!Comprei tantos presentes lindos............
Já imaginaram se ainda hoje fosse assim????????????????????

E, por falar em banco.......

Antes de nos mudarmos para a cidade, papai resolveu vender dois de seus três sítios(era com ele chamava as grandes estenções de terra que possuía).
Não sabendo como seria a nossa vida na cidade,resolveu aplicar todo o dinheiro em um famoso banco.
Não sei exatamente o nome do banco,mas me parece que era Moreira Salles  Com isso ele garantia a nossa vida na cidade, caso o bar restaurante não desse certo.
Para comprar o bar ,a chácara e uma casa, em sociedade com meu tio Alexandre, papai usou o dinheiro que já havia guardado.
Já estávamos na cidade,quando estourou a bomba que o Banco havia falido.No primeiro momento bateu o desespero em meus pais.
Tudo voltava a acontecer.....ficávamos pobres de novo!
Passado o impacto da notícia,já sem o bar, pois papai havia acabado de vender,a GARRA de meus pais falou mais alto e eles partiram para a luta novamente......

Já estávamos morando a casa que era da minha avó Bárbara e mamãe passou a vender doces, salgados,servir comida para presos e papai achou um serviço bem lucrativo,tirar casca de árvores para uma firma.
Todo dia papai saia as 5 h da manhã,levando seu almoço,uma merenda e a pé ia até o local de trabalho.
Ele chegava a andar a pé mais de 20 km para poder trabalhar e ao cair da tarde retornava para casa,sempre antes passava no comércio e comprava uma goiabada,queijo ou outra coisa gostosa para levar para casa!
A fase foi difícil mas nós nunca deixamos de comer muito bem,ter roupa nova....................
Aos poucos ,muito tempo depois ele começou a reaver seu dinheiro,mas para nós esse dinheiro não fez falta pois tínhamos o mais importante amor na família e contávamos com a garra de pais maravilhosos!!!!!!!!!!

Nem tudo são flores

Mudança feita ,agora é o mais difícil :por a casa em ordem!Com muitas dificuldades consigo colocar a casa em ordem!
Como premio ganho uma complicação na minha úlcera!Uma veia rompe provocando uma infecção!
Volto a ter dores horríveis!Com paciência ,tomando os remédios aguardo a cura!
Mas a vida continua com ou sem dores.Como meu aniversário oficial é neste mes precisei ao Banco do Brasil fazer meu recadastramento.
Todos os anos tenho que ir até o Banco para que vejam que estou viva!
Com fortes dores tive que abusar da boa vontade da Emília para ir até lá1
Como nos outros anos meu marido desceu e foi avisar que eu aguardava no carro, mas o tempo foi passando,o calor aumentando e minha nora achou melhor eu aguardar dentro do banco.
Quanta injustiça!Não havia ninguem para atender na mesa de deficientes!Havia senhas que não eram respeitadas sua ordem!
Quando uma pessoa era atendida e a senha aparecia, qualquer pessoa se dirigia ao atendimento e a senha não era pedida!
Nunca fui tão maltratada! Fiquei mais de uma hora aguardando e quando fui atendida o atendente disse
que eu deveria ter escolhido outro dia para ir.
Foi quando eu disse que não estava pedindo favor que o banco era pago para isso.Eu teria que escolher o melhor dia para mim e não para o banco!
O atendente ficou bem nervoso quando eu disse que recebia nesse banco porque era obrigada e não por livre escolha.Ele pediu que no próximo ano eu ligue avisando que iria me recadastrar que um funcionário iria  até a calçada me aguardar!

Como os seres ditos normais não respeitam aqueles que apresentam algumas deficiência!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O rock na minha vida

Desde  dos primeiros acordes que ouvi de rock,me identifiquei  com o ritmo. Quando pela primeira vez  vi um filme do Élvis tive a certeza que aquele ritmo  era o que eu queria dançar.
Eu sempre gostei de dançar, mas com o rock foi diferente, ele parecia  que colocava o sangue em ebulição.
Logo encontrei alguem tão apaixonado pelo rock como eu ,e começamos a ensaiar passos da dança, que ele havia conseguido com um amigo.
Tudo que começou como uma brincadeira, logo tomou outro rumo.Começamos a competir e ganhar todas.
Rapidamente começamos a ser convidados para dançar!
O mais engraçado era que tanto Félix quanto eu eramos pessoas extremamente tímidos e só nos revelávamos com os primeiros acordes da música.
Dançando,rodopiando,fazendo malabarismos com o corpo eramos outras pessoas.

O rock realmente sempre mexeu comigo,outro dia mesmo ouvindo Élvis ,mesmo sem andar,estando sentada repetias os passos somente com os pés.
Por um bom tempo meu amigo e eu nos realizamos dançando por vários locais,mas como tudo tem seu tempo, chegou o dia em que nossos anseios se modificaram,ele foi seguir sua profissão e eu fui me prepara para ser professora, mas tenho certeza que assim como eu ,onde meu amigo estiver continua sendo um grande fã do rock!!!!!!!!!!!!!!!!!!

A Maria Fumaça

Dentre as coisas boas que esta nova casa me oferece,esta o prazer de ouvir o trem.
Sempre nas horas certas lá vem ele apitando,avisando que esta passando!
Eu já disse para vocês que sou uma caipira convicta, que ama a terra, os animais, a simplicidade de se viver!
Como boa caipira duas coisas mexem com meu ser: o apito do trem e o som de uma boa Banda.
Essas duas coisas ,tão diferente em si, me remete a minha infância, adolescencia e juventude.
O trem era para nós o único meio de trasporte para grandes distancias.Era chic viajar de trem,principalmente na primeira classe!
Ao ouvir o apito do trem sou remetida para um vagão com banco almofadados,o chefe de trem passando para picar a passagem,pessoas devidamente vestidas vendendo doces ,balas,salgados.
Vem a minha memória a recomendação de minha mãe "não senta na janela! Sabem porque! É que adentravam pela janelas as fagulhas da Maria Fumaça que poderia queimar roupa ou até o cabelo!
Como é do conhecimento de todos as famílias italianas são muito unidas e para podermos estarmos  juntos usávamos o trem para nos visitarmos. 
O trem foi o primeiro monstro que vi,cuspindo fogo que só dava alegrias!
Conheci trem de todos os tipos,desde a Maria Fumaça mas que era feita de madeira até as mais modernas,pois por um bom tempo minha vida girou ao som do apito do trem!
Se os trens  circulavam em Avaré pudessem falar poderiam contar a história de uma menina curiosa,de chupeta na boca que aos poucos foi se transformando numa jovem amante da vida.

Na verdade o trem foi a única testemunha de meu crescer como ser humano e principalmente como um ser em evolução!!!!!!!!

Improvisação que deu certo

Em 1960,minha classe, que já havia recebido uma classe de Bauru,recebeu um convite para participar da inauguração de uma concha acústica.Nós só teríamos que pagar a passagem do trem ,pois a prefeitura oferecia um hotel para pernoitarmos.
A animação dos alunos só não foi maior que a da Professora Célia,que nos levaria.
Bauru fica uns 120 Km de Cerqueira,mas a viagem do trem era demorada pois ia parando em várias estações.
Ficou combinado que nós só precisaríamos levar uma roupa social para a inauguração e posterior coquetel.
Todos levariam uma valise de mão,mas eu como não tinha levaria uma mala pequena de couro.Eu separei para levar um bonito tubinho de renda com abertura lateral e um lindo cinto de seda com uma rosa,e um sapato chanel de salto 5.
Para ir coloquei uma mini saia santropez e uma sandália grega de saltinho.
Animadas tomamos o trem.Todos colocaram suas maletas no reservado que ficava a cima dos assentos,inclusive eu .Lá pelo meio da viagem como nosso vagão começou a ficar muito cheio,decidimos passar para outro.
Os meninos gentilmente levaram as nossas bagagem!
Chegando em Bauru fomos muito bem recepcionados pelo prefeito,alunos professores e pais.
Já no hotel fomos nos preparar para a recepção.
Qual não foi minha surpresa ao abrir minha mala e verificar que havia sido trocada,só havia roupas masculinas!
Imediatamente o hotel comunicou a estação que imediatamente veio para solucionar.
Usando o telégrafo se descobriu que o dono da mala e minha mala ainda estavam no trem,ele ia para o Paraná.Providenciou-se a troca das malas,mas com seria demorado ,o chefe da estação ofereceu um vestido e sapato para mim.Eu ,então dispensei as roupas e sapato e só pedi um corte de duas larguras de um pano acetinado.Todos riram de mim,mas o que eles não sabiam e que eu sabia fazer lindos vestidos só amarrando e colocando um cinto.
Na hora de sair para a festa ,lá estava eu com um lindo vestido de um só ombro,longo e com um cinto metálico,prata que a dona do hotel me emprestara!!!!!!!!!!!!

Ultima chuva

A primeira escola que lecionei como professora efetiva foi em Araçaíba,na Escola Ambrosina de Oliveira Mattos.
Ao ingressar,eu e meu filho mais velho nos mudamos para Apiaí e todos os dias eu ia com meu fusca lecionar em Araçaíba.No começo ia sozinha,mas logo depois passei a levar 2 colegas.
A estrada que ligava Apiaí a Araçaíba era terrível,cheia de curvas fechadas,de um lado da estrada havia um paredão de pedras e do outro uma ribanceira.
Para chegar até o destino enfrentávamos a serra,numa estrada sem asfalto e estreita,precisando parar para que outro carro passasse.Tínhamos que dividir essa estrada perigosa com os caminhões que transportavam tomate.
Quando pegávamos a estrada de acesso a Araçaíba havia um lamaçal que o carro teimava em não ultrapassar!Muitas vezes eu a fiz de ré.
Eu adorava a escola, os alunos, os amigos que lá fiz,mas devido a estrada logo na primeira remoção me inscrevi e fui removida para a Escola Regina Dias Antunes em Apiaí.
No final do ano letivo,nos meu últimos dias em Araçaíba, aconteceu algo apavorante!No finalzinho do dia letivo,o céu começou a se tingir de negro anunciando uma chuva forte.
O Sillas,nosso diretor ,dispensou todos antes do término,temendo pela chuva.
Foi dito e feito ,tão logo saímos da escola caiu uma chuva muito forte,com grandes descargas elétricas.
Voltar era impossível e apesar do medo das minhas companheiras de viagem segui adiante.O céu era coberto por raios em fração de segundos entre um e outro.
A chuva estava tão forte que não se enxergava um palmo adiante do nariz,eu dirigia com a cabeça na janela.
Em uma curva,de repente cai um raio em uma árvore e ela se incendeia ao nosso lado.
Minhas amigas não sabiam se choravam ou rezavam,mas uma coisa era certo elas estavam apavoradas e eu tinha que manter a cabeça no lugar para nos tirar dessa enrascada.


Ao chegar  em Apiaí, eu estava toda molhada por ter dirigido com a cabeça de fora da janela e as pessoas correram ver com estávamos,pois a chuva tinha sido arrasadora,mas conosco nada havia acontecido,só as duas que ainda estavam chorando muito!!!!!