31 de dez. de 2010

Tudo que é diferente, chama atenção!

Visto que a menina vivera, agora era hora de lhe dar um nome.Sugestões não faltaram, mas sua mãe queria um nome forte como ela era. Lembrou-se da peça teatral que assistira à poucos dias "Dois Corações", no circo.
A história era muito linda, de um casal que se amava muito, mas esse amor era impossível. Eles se encontram no céu, depois de mortos.
Decidiu que a menina que enfrentou a morte nas suas primeiras horas de vida receberia o nome de Adelia e por ter nascido no natal requeria também o nome de Jesus, seria a Adelia Jesus do Porto.
Natália, como tinha um bebê novo, veio para me amamentar, mas quando colocou o bico do seio em minha boca, senti ânsia, minha mãe entendeu que essa menina, já tinha vontade própria.
Já deu para vocês entenderem que essa menina sou eu, a filha do dono do mundo!
Nasci de forceps, com 6.300kg, minha mãe, a Regina era baixinha só tinha 1,50m de altura. Foi por tudo isso que fui a recém nascida mais visitada e presenteada da região.
Nessa época era de praxe dar ao bebê, animais vivos para que começasse uma criação, ganhei porcas com filhotes, cabras com cabritinhos, galinhas com pintinhos, égua e vacas prenha, além de sacos de milho, arroz e feijão. As visitas eram tantas que a Rubina costumava dizer que mãe e filha estavam dormindo.
E quando em Janeiro a chuva de granizo destruiu toda a plantacão de café e algodão de minha  família, foram meus presentes, que ajudaram a equilibrar as finanças.
Mais tarde quando as finanças voltaram a estar em alta, em comum acordo, decidiram mandar vir da Inglaterra uma moderna máquina de costura, pois segundo os entendidos eu seria costureira ,por ter os dedos compridos.
Papai que aparentemente não queria que eu nascesse, desde meus primeiros dias de vida, foi meu maior guardião e, sempre presente em minha vida.
Ele sempre foi a luz da minha vida, e o exemplo a ser seguido!

30 de dez. de 2010

Nascer é o recomeço de tudo!

Eu esqueci de contar que Natália era uma empregada que pegava toda criança, que por lá nascia, daí a confiança de Regina.
Tão logo chegaram em Avaré, se dirigiram ao consultório do médico. Após o exame Dr Paulo, fica muito bravo com Francisco, ele sem saber o porque, alega que nada fez e que tem cuidado da esposa segundo a orientação recebida dele.
Como observou a preocupação do casal foi logo dizendo que mais uns quatro ou cinco meses tudo se resolveria.
Quando falou que Regina estava grávida, Francisco afirmou "Só se for do doutor, pois eu segui seus ensinamentos ao pé da letra". Difícil foi, fazê-lo entender que tudo pode  falhar. Tudo terminou com grandes  gargalhadas.
Como seria uma gravidez de risco ficou combinado, duas visitas ao médico por mês. Foram embora  temendo o que poderia acontecer, confiantes no poder do Pai.
O resto da gestação foi normal. Como em uma ida ao médico este avisou que não chegaria ao Natal. Toda manhã passavam para vê-la.
O dia 24/12/1944, chegou! Regina atarefada com os preparativos da data, nem notou que seu corpo mudará, só se deu conta quando as contrações começaram.
A noite já passando mal procuram pelo médico, mas este havia viajado e encarregado Manuela, parteira formada de cuidar do caso. Naquela época tudo era difícil, entre procurar o médico e achar a parteira, se passaram quase 12 horas.
Na madrugada, quando chegam, Regina já não poderia ser removida ao hospital, ela corria risco de morte. O Natal acabou para todos: familiares, vizinhos e empregados se dirigem a capela e lá permanecem em oração.
Na casa chorando estava Francisco, os filhos, seus pais e Bárbara.
Rubina e Bárbara acompanham Manuela ao quarto, onde permanecem. Os outros ficam na sala com exceção das crianças que dormiam. O sol já havia raiado, quando Manuela abre a porta e diz "Francisco só posso salvar um, sua esposa ou seu filho, faça a escolha!". Ela nem termina de falar e ele berra "salve minha esposa, meu filho não me interessa".
A partir daí, nada mais ficam sabendo, até que passado das 11h30, Rubina sai animada, nascera de forceps uma menina enorme, que ainda não estava totalmente salva, mas Regina estava viva e se recuperando.
De tão grande, a menina foi embrulhada em um paletó do pai e colocada ao lado da mãe. Todos permaneceram em seus lugares, rezando pela vida das duas.
Antes das 17h00, Rubina entra no quarto e Regina pede que olhe a menina, pois ela estava fazendo um barulho esquisito. Ela pega a menina vira de cabeça para baixo e bate no seu bumbum. Imediatamente começa a soltar bolas de sangue e começa a chorar.
Todos correm ouvindo o choro forte do bebê. Nessa hora com as duas vivas, começa o Natal de 1944.

Foi a festa mais linda que já tinha acontecido no Campo Redondo!

29 de dez. de 2010

Devemos experimentar o novo, mas só fazer o que manda o coração!

Por toda sua vida, Francisco repetiu que ir para São Paulo, foi uma ótima experiência, mas seu coração esteve sempre no sítio,que ele chegava até a sentir o cheiro da terra.
Com o coração aos pulos, voltam para a vida no campo. Enquanto estavam em São Paulo, devido a idade avançada, Paschoal, vende seu amado sítio, compra uma casa em Cerqueira César e para lá se mudam.
Devido a bebida sua saúde estava abalada. Retornando à  vida da roça, Francisco começa a usar o que aprendeu na cidade grande.
Sai a procura de compradores para o que produz; de imediato negocia a venda de bananas verdes para a fábrica de esmalte para unhas, cascas de árvores para fabricação de papel, osso para fabricação de pentes e botões. Vai arrastando os outros italianos nos seus negócios e seu papel na comunidade vai crescendo.
Enquanto sua filha cresce agarrada aos avós, seu filho participa de tudo no sítio.
O pai de Regina piora, vindo a falecer ao lado de toda a família. Imediatamente Francisco traz Bárbara para morar com sua família. Nunca vi genro e sogra se gostarem tanto como esses dois.
A relação de Bárbara e Rubina era ótima mas com José ...
Nessa época havia sete famílias de brasileiros trabalhando no sitio As crianças iam juntas para a escola em Barra Grande, que era bem perto.
Regina começa a ter problemas de saúde, tudo começa a fazer mal. Sente algo estranho a mexer em sua barriga. Comenta com Natália, que a aconselha a ir ao médico, pois pode ser a mãe do corpo.
No mesmo dia Francisco a leva ao Dr Paulo, em Avaré.

Rumo a novas conquistas!

Francisco além de muito bonito, era muito inteligente, mesmo sem ter estudado dominava a matemática como ninguém. Sabia cálculos avançados, quadratura do círculo, o que possibilitou calcular a retirada de tábuas de uma tora.
Nessa época eram os proprios fazendeiros que preparavam as madeiras para construção de casas. Logo ele passou a calcular para todos.Vinha gente de longe para que ele calculasse.
No sítio onde morava mantinha uma área com eucaliptos para renda. Foi com a derrubada dela que ele pode comprar uma área chamadaViuvinha.
A sua inteligencia e esperteza nos cálculos logo tornou conhecida por todos. Um casal, dono de uma firma de materiais elétricos, querendo produzir objetos de louças usados na parte elétrica convida Francisco para trabalhar com eles. De imediato ele diz que não.
Por um bom tempo foi assediado por eles, até que o convidam para fazer um curso sem compromisso. Nesse curso Francisco descobre que sabia muito de calculo e que havia um grande leque de serviços que poderia executar sem ficar dependendo do sol ou chuva.
Decide com a aprovação de Regina aceitar o emprego. Ele torna-se técnico na fabricação de peças como soquete de lâmpadas. Na época eram de louças e raros.
Tudo resolvido, entrega a admistração de suas terras ao seu irmão Mingo, pega sua família e partem para São Paulo.
Lá vão morar em três cômodos grandes. Enquanto Francisco trabalhava, Regina além de cuidar das crianças passa a bordar para fora. Logo se tornou conhecida pela qualidade do bordado.
Naquela casa o dinheiro era farto. Por um bom tempo tudo foi ótimo, não havia sujeira o trabalho era limpo, sem os barros do sítio, até que a saudade do manejo da terra, o cheiro do mato molhado invadiu o coração.

28 de dez. de 2010

Uma vida cheia de amor, estava só começando!

Após o casamento na igreja, casam-se no cartório, e daí seguem para as comemorações.
Quando chegam,  a comida já havia sido servida e  a nova família é recebida com música e dança. A comida era farta e muito saborosa, tudo tinha sido feito com muito esmero. O bolo era um luxo só, tinha três andares, todo decorado com camélias, que era a flor preferida da noiva.
Dançando, comendo ou cantando a festa foi se arrastando pela noite a dentro. Certa hora os noivos se despedem dos pais e seguem para sua nova casa!
O dia seguinte amanhece lindo, ensolarado, como eles queriam que fosse a vida deles.
Aos poucos Regina vai se adaptando a nova vida e logo, senhora de si, passa a cuidar dos animais, tirar o leite, domar cavalos e principalmente administrar o trabalho das mulheres dos colonos. Rapidamente ensina as mulheres a fazer queijos, o que aumenta a renda da família. Ensina  também a cozinhar, bordar e costurar. Passa a ser idolatrada por todas.
O tempo passa enquanto o casamento deles vai se consolidando e antes de um ano é abençoado com o nascimento de uma filha. Como era a primeira neta da família Porto, desde o seu nascimento, foi tratara como uma rainha. Pouco Regina pode influenciar na sua educação, pois ela estava sempre ao lado da avó. Tempo depois teve mais uma filha, que após uma semana de vida veio a falecer.
Tirando esse fato triste, a vida da família era só alegrias. Francisco, como bom italiano valorizava seu sobrenome e tinha o sonho de ter um filho para dar continuidade a ele. Assim,quando a primeira filha tinha mais de três anos encomendaram outro bebê. No dia de São Sebastião vinha ao mundo seu filho varão. Era um menino lindo, enorme, pois Regina apresentara durante a gravidez uma diabete. Por ordem médica, ela não mais poderia ser mãe.
Parecia que os céus estavam conspirando contra ela, cujo desejo era ter muitos filhos. Só mais tarde iriam entender o que estava sendo preparado para eles.

O dia do casamento finalmente chegou!

O dia 24/06/1934, amanheceu muito bonito, era como um presente dos céus para o casal que tanto se amavam.
No sítio, dos pais da noiva, estava tudo preparado para a grande festa! O terreiro de café, fora transformado num grande salão coberto por lona, estava todo enfeitado com flores de São João e avencas; com quatro mesas compridas, feitas com cavaletes. Nas mesas havia toalhas brancas, toda enfeitada com flores.
Como iriam se casar em Avaré todos se aprontaram bem antes da hora marcada. Primeiro sairam os parentes e se dirigiram para a Igreja Nossa Senhora das Dores.
A noiva e seus pais seguiram em uma carroça toda enfeitada. O noivo seguiu com seus familiares, do seu sítio direto para a igreja.
Nesse dia os noivos não se viram, só se veriam na hora do casamento. A igreja esta cheia de flores, um tapete vermelho fora colocado da porta até o altar, por onde a noiva passaria. O altar estava lindo, todo enfeitado.
Com a chegada do noivo, todos entraram e logo a igreja ficou cheia; pois as duas famílias eram muito conhecidas.
Quando Regina chegou, foi aquela festa, todos a receberam com palmas, ela era muito querida por todos.
Toda vez que mamãe falava desse dia seus olhos brilhavam e lágrimas escorriam pelo rosto; tenho certeza que esse foi um dos dias mais felizes de sua vida. Ela descrevia tudo com muita riqueza de detalhes, se não sou  fiel na minha descrição é talvez, por não ter  vivido esse momento com ela.
Quando a porta da igreja se abre e Regina ve seu amado, aguardando no altar, suas pernas tremem, seu coração dispara e ela segura no braço de seu pai, respira fundo e segue para a realização de seu maior sonho!

27 de dez. de 2010

Estava escrito nas estrelas!

Paschoal e Bárbara emocionado, as lágrimas, com os braços abertos correm ao encontro da família que se aproximava. Seus filhos e noras nada entendiam, pois esperavam a família do pretendente da Regina e não de pessoas conhecidas.
Quando  chegam na casa tudo é explicado. Na verdade o casal que acabava de chegar eram os velhos amigos, José e Rubina, com quem haviam combinado casar seus filhos (Francisco e Regina), a mais de dezoito anos.
Os convidados trouxeram de  presente as uvas que colheram em seu sítio.
Tinham muito que conversar, o que mais estranharam é que mesmo sem saber seus filhos, fizeram cumprir o acordo firmado entre eles, era como se o encontro dos dois estivesse escrito nas estrelas: tinha que acontecer.
Regina não poderia adivinhar que o jovem por quem ela se interessou, fosse o seu prometido! Tudo aconteceu naturalmente.
A alegria foi geral! Ao invez de começar o namoro, já combinaram o noivado.
Já noivos, as famílias passaram a se encontrar com mais frequencia, para planejar o casamento. A família Porto morava próxima, no Sítio Campo Redondo, em Avaré; assim juntas as duas famílias puderam cuidar de tudo.
Uma casa foi construída nas terras de Francisco, que era ao lado da do pai. Regina quis sozinha cuidar das mobílias e da decoração da nova casa. Cortinas foram feitas, almofadas colocadas, muito crochê, bordados foram usados.
Depois de tudo pronto o casamento foi marcado. Seria no dia de São João! 

26 de dez. de 2010

O moço do dente de ouro!

Com essas duas amigas, Regina passa a frequentar os bailes nos finais de semana.
Ela era uma jovem alegre, divertida, que afirmava: "só namoro o homem da minha vida e com ele me caso, tem que ser um amor como dos meus pais".
Sem se preocupar em namorar foi dançando, rindo até que foi tirada para dançar por um italiano bonito, alegre, que possuía um dente de ouro. Só os ricos o possuíam, mas não foi isso que chamou sua atenção, mas sim seu jeito humilde e sua franqueza. Ele era muito cobiçado pelas mulheres, pudera com seu porte, dono de uma vasta cabeleira e com seus olhos azuis contrastando com a cor do cabelo escuro.
Foi atração a primeira dança. Nessa noite ao chegar em casa foi dele que ela falou o tempo todo.
Por vários meses. Em todo final de semana  foi a mesma coisa. Regina se preparava para o baile, fazendo roupa nova, se  enfeitando, e falando dele.
Ao chegar no baile um procurava pelo outro com o olhar e ao se encontrar, ele a tirava para dançar e assim ficavam o baile todo! Conversa vai conversa vem, ele diz que já comprou uma terra e está pronto para casar e por isso gostaria muito de pedi-la em namoro á seus pais.
Semana depois, com a aprovação de Bárbara e Paschoal, foi determinado que num almoço em sua casa, as famílias se conheceriam e ele poderia pedi-la em namoro.
O reboliço foi total. Regina enfeitou a casa, preparou comidas saborosas, fez tudo para causar uma boa impressão.O dia marcado chegou! Toda a família Fusco estava reunida, até os irmãos casados vieram com suas novas famílias.
Qualquer movimento na estrada todos corriam para ver.

Olhando para a curva da estrada, Regina vê um casal, três jovens, uma menina e um moleque, corre chamar seus familiares. Paschoal olha com atenção e grita "Bárbara venha ver quem vem chegando" e se põe a chorar!    

25 de dez. de 2010

A mudança tão esperada!

Finalmente o dia da mudança chegou!
Na noite que antecedeu, os patrões juntamente com outros italianos promoveram uma grande festa de despedida, com direito a dança, muita comida e cantoria. Antes do amanhecer, partiram levando a mudança em duas carroças, as mulheres seguiram de trem.
A chegada no novo sítio foi uma grande alegria! Tudo estava como eles queriam pois tudo tinha sido feito por suas próprias mãos. Foi com muito amor que tudo fora preparado!
No começo como tudo estava sendo plantado decidiram trabalhar para os vizinhos, afim de se ter renda.
Num período muito curto tudo mudou: ao redor da casa havia flores, no pomar frutas, deliciosas verduras eram colhiadas na horta, os pés de café respondendo aos bons tratos estavam carregados!
Quando se é feliz o tempo passa rápido!
Foi isso que aconteceu com Bárbara, sem que ela percebesse, um a um seus filhos foram se casando e deixando sua casa! Os seus cabelos foram ficando brancos, Paschoal já não conseguiam trabalhar tanto como antes. Com eles restava só a bela Regina.
Regina era prendada, muito esperta, ajudava os pais em tudo, tirava leite, lavrava a terra, domava animais, cozinhava, e fazia lindos bordados.
A jovem só tinha um defeito, que preocupava muito seus pais; era muito orgulhosa e até então não tinha namorado, pondo defeito em todos que se aproximassem.
Na época, ela faz amizade com duas jovens mestiças e essa amizade muda o rumo da sua história!

21 de dez. de 2010

De colonos a sitiante!

Para entender o que houve com a fazenda Santa Rosa, que Bárbara ganhou da sua família, precisamos voltar no tempo.
Nos primeiros anos em que estavam no Brasil pediram aos parentes, que permaneceram na Itália o envio dos documentos relativos à compra da mesma. Tão logo chegam, Paschoal, vai até Santa Catarina.
Fico a imaginar como ele deve ter sofrido pela sua simplecidade e humildade, tentando corrigir o erro que cometeu ao trancar esses documentos no malão de enxovais das meninas.
Achar a fazenda foi muito fácil, pois ela tinha sido objeto de discórdia entre posseiros.
Que decepção!
Sua tão sonhada terra já tinha outro dono, devido a  demora do novo dono tomar posse. Revoltado,sentindo-se o pior dos homens, regressa.
Como demorou  para voltar, esposa e filhos anciosos aguardavam o pai amado!
Quando apontou na curva do caminho todos correm para recebe-lo. As crianças menores agarram em suas pernas, os maiores beijam e abraçam.
O pior foi dar a péssima notícia a sua amada Bárbara. Como o amor entre eles era imenso, logo, mesmo sem palavras, ela entendeu tudo.
Foi aí que a fortaleza de Bárbara se fez necessário. Como ela acreditava que só fica conosco o que realmente nos pertence, convenceu a todos que Deus  reservava para eles coisa muito melhor, só faltava eles fazerem a parte que lhes cabia. Foi assim que passaram a trabalhar mais, gastar menos e ecomizar mais.
Depois de um certo tempo com dinheiro em mão, partem à procura de uma boa terra. Atraves de amigos descobrem um sítio abandoado que com a esperteza de Bárbara, conseguem comprar.
Como estava abandonado o mato imperava, a casa estava destruída, o café morrendo sufucado. Como para os italianos,  não há trabalho difícil,   partem para a limpeza, e  manutenção do local.
Tudo foi mais complicado, pois ainda trabalhavam na fazenda onde  moravam. Cansados, mas felizes, depois de um tempo viram seus esforços premiado.
O sítio estava pronto para ser habitado!

18 de dez. de 2010

Novos amigos, futuros parentes!

Foi numa dessas festas na tuia, que as famílias Porto e Fusco se conheceram.
Como que por magia, logo se tornaram  grandes amigos. Eram casais totalmente antagônicos. Enquanto na Porto o esposo era alto e loiro  e a esposa baixa e morena, na Fusco o esposo era baixo e moreno e a esposa era alta e loira. Parecia que os casais estavam trocados!
Eles procuravam estar sempre juntos nas festas, nas missas ou nos bailes.
Rubina e José tinham três filhos pequenos; Pascoal e Bárbara tinham quatro meninas e quatro meninos com idade variadas: desde adolescente até os pequeninos que foram registrados no Brasil.
Enquanto os pais se divertiam, as crianças brincavam ao lado dos pais. Francisco adorava carregar a pequenina Regina. Ele era o filho mais velho de Rubina e José e Regina era a italianinha que virou brasileira.
As crianças se tornaram grandes amigos! Uma amizade tão grande precisava ser dignamente selada. Os pais decidiram que, Francisco, filho mais velho de José se casaria com Regina, a filha mais nova de Paschoal.
Trato feito por dois italianos,é trato cumprido!
E, assim, vivendo como uma grande família, o tempo foi passando. Tudo corria em total alegria até que Bárbara e Paschoal não mais compareceram nas festas. Nada havia acontecido entre eles, a amizade era a mesma, só que depois de muito trabalhar e economizar a família Fusco havia comprado um sítio em Cerqueira César, mas isso só saberiam muitos anos depois!

17 de dez. de 2010

A vinda de novos imigrantes!

Enquanto a família Fusco ia construindo a sua nova vida,  com o suor de seus rostos, recebendo como premio os calos nas mãos e escurecimento de suas peles, castigado pelo sol forte.
Lá na Italia corria uma campanha para que novos imigrantes viessem para o Brasil; com a promessa de se ganhar muito dinheiro.
A família Porto, em sua totalidade, decide aceitar esse desafio e tomam o primeiro navio de imigrantes, rumo ao Brasil. Como a família veio completa (avós, pai, mãe, tios e tia) não foi tão difícil.
Ao sair da Itália, já sabiam o destino de todos: Fazenda Anápoles em São Manuel próximo de Botucatu. Por ter dado muito certo o uso da mão de obra italiana, todos os fazendeiros procuraram trazer imigrantes para o cultivo do café.
Esses sofreram menos pois tudo foi melhor planejado. Já havia casas, conhecimento de seus hábitos e costumes.
Na  mesa dos brasileiros já havia pratos italianos. Um dos costumes ao  qual os brasileiros logo aderiram foi a dança. Todo final de semana nas tuias havia um bom baile, onde todos eram iguais, somente jovens.
Entre trabalho, cantos, danças e brincadeiras o tempo foi passando ... e as crianças crescendo!

16 de dez. de 2010

É fazendo, que mostramos o que sabemos!

Aos poucos,  usando o material diponível Bárbara e Paschoal, transformam o casebre em uma casa razoável.
Desmanchando os sacos de açúcar, ela faz em crôche cortinas, bicos para as prateleiras, almofadas, colchas alem de roupas para o trabalho. Logo todos tomam conhecimento dos dotes de Bárbara. Rapidamente chega até a patrôa, que imediatamente recruta seus serviços impressionada pela beleza dos trabalhos manuais.
Bárbara passa então a executar peças de decoração  para a patrôa. Depois para seus amigos e, em pouco tempo já era famosa pela beleza de suas peças.
Foi  fazendo uma blusa para a esposa do dono do cartório de Avaré que ela conseguiu registrar dois de seus filhos: Salvador e Regina, que trinta anos depois viria a ser minha mãe.
Regina era de pequeno porte como seu pai, mas se agiganta pela esperteza, beleza, pelos dotes culinário e artisticos. Logo começou a bordar e costurar.
Não pense que Bárbara só fazia croche ou tricô, junto com seu marido e filhos, tinham ainda as tarefas do cultivo do café. Ela sempre  me dizia que os fazendeiros se consideravam donos deles.
Meus avós nada mais eram doque escravos brancos!

15 de dez. de 2010

Pé de Café, que planta é essa?

Na escuridão da noite, o sino é tocado; todos saem rapidamente de suas casas e em fila,  seguindo o capataz se dirigem para o labore (trabalho).
Meio desconfiados, sem nada conhecer sobre plantação de café e, levando no peito seu amor pela terra, seguem quase em silêncio (o que é difícil para os italianos).
Pelo caminho iam se misturando seus pensamentos entre o desconhecido e as lembranças da querida Itália.
Anestesiados pelas belezas naturais do local nem perceberam o quanto andaram até avistar a plantação de café. O cenário não tinha como ser mais lindo, os pés de café se erguiam do solo como vitoriosos guerreiros. Olhando de longe parecia um enorme tapete verde. Sempre iluminado por um sol brilhante e quente, capinaram colocaram terra nos pés de café.
Havia uma parte dos cafezais que estava todo florido. Os pés pareciam estar vestidos para uma grande festa!
As crianças se mantiveram quietas, se contentando só com a pesquisa do local.
Já no final do dia, com o sol quase se escondendo, cansados, os italianos retornam as suas casas. Logo ao chegar, começam a melhorar onde teriam que viver.
O trabalho seria grande!

13 de dez. de 2010

E a nova vida começa!

Muito pouco tempo passou entre ver a casa e a reunião com o fazendeiro. Logo foram chamados para conversar com o patrão.
Foi então explicado que o serviço começaria antes do nascer do sol. Ao tocar do sino todos deveriam sair da casa, e em fila se dirigir ao campo. A fazenda forneceria toda a alimentação, tudo que pegassem seria marcado para acerto posterior, por  sugestão de um senhor de idade, teriam uma caderneta onde toda compra seria registrada. O acerto seria por ocasião do pagamento mensal. Só poderiam ir à casa do patrão se fossem convidados. Foi estabelecido por onde poderiam circular livremente e que onde residiam seria de responsabilidade de todos. Poderiam até mesmo melhorar as casas, desde fosse nas horas vagas, para tanto ele permitia que se usassem materiais de demolição que possuía, bastava pedir, nada seria cobrado.
Mesmo sem nada saber do cultivo do café  Paschoal sai animado dessa reunião. Bárbara teve a impressão que o patrão não sabia trabalhar com pessoas livres. Eles precisavam trabalhar, mas não eram seus escravos.
Chegando em sua casa, usando o que trouxeram, alimentaram as crianças, com os acolchoados forraram o piso e foram dormir, pois com o nascer do sol, também para eles começaria uma nova vida!       

Do palacete ao casebre


Por vários dias, ficaram esperando pelo representante do fazendeiro que veria busca-los.
Finalmente o representante chegou! Era um jovem senhor, mau encarado, ríspido e muito autoritário. No outro dia, antes do sol nascer, quase cem italianos, partem  acompanhando-o rumo ao desconhecido.
A viagem era longa, pois a fazenda ficava na região de Botucatu, quase divisa com Avaré. Durante os dias da viagem, os italianos seguiam apreensivos, ora rezando, pedindo as bençãos do pai ou cantando, mas nos seus corações só havia fé, alegria e esperanças em uma vida melhor, com uma vontade imensa de trabalhar.
O quem eles não sabiam é que estavam entrando para a História por serem os primeiros imigrantes a chegar nessa região.
Cansados, com medo mas com muita alegria chegam à fazenda e aos poucos são encaminhados as suas novas casas para descansarem antes que recebessem as primeiras orientações
A família Fusco é encaminhada à sua casa. De imediato, Bárbara percebe que ali tudo era improvisado, até o tradutor que pouco falava do italiano. Era um casebre escuro, cheirando á mofo, completamente diferente do seu palacete em Roma. Como nada a desanimava, ela decide que não importando o tempo ou o trabalho que teria mas ali seria seu lar!

10 de dez. de 2010

O Brasil passa a ser a pátria do italianos!

Finalmente  depois de muito tempo avistam sinal de terra firme. A animação é total: idosos rezam agradecendo, jovens dançam e cantam, as crianças não cabem em si de tanto contentamento.
A terra da esperança e do futuro estava logo ali. Atracado o navio eles começam a descer. São separados  de acordo com o destino. A família Fusco logo avisa que estavam indo para a Fazenda Santa Rosa, e aí se dá outro problema, pois havia sim italianos indo para essa fazenda, mas mais tarde eles viriam a descobrir que essa fazenda ficava no Estado de São Paulo não tinha nada a ver com Santa Catarina onde ficava a sua fazenda. Logo ao descer do navio, Bárbara se emociona ao ver tantas belezas naturais. Agradece ao pai por ter olhos! Os grupos já separados, são transportados até um local onde é servida uma refeição Bárbara ao ver potes pequenos com algo amarelo, logo conclui que é queijo, serve-se fartamente e tambem aos seus.
Que decepção, o alimento deixou a comida pastosa. Era ruím de mais. Mais tarde  vem  a saber que era farinha de milho, um alimento que desconhecia. Daí foram levados para uma hospedaria em São Paulo onde, o dono da fazenda mandaria pega-los.
A saga dos italianos estava só começando!

9 de dez. de 2010

Os italianos vivem por quatro meses em alto mar!

Já no navio Bárbara se dá conta da situação. Olhando ao redor, vendo o espaço minusculo reservado a cada família, as acomodações precárias, a comida racionada, ela se sente como que em uma prisão, mas nada fala ao seu marido, que estava triste e se culpando pelo acontecido.
Sendo uma verdadeira dama logo se torna amiga das outras mulheres, e pela sua educação torna-se a lider do grupo, podendo influenciar para uma boa convivencia entre todas.
As crianças se tornaram amigos, e entre os jovens até surgiram namoros. A alegria de viver dos italianos superava todas as situações dificeis que a eles eram imposta.
Rapidamente voltaram a cantar e organizar grandes festas.
Nos quatro meses de viagem tudo aconteceu: crianças nasceram, casais se casam, mas o que mais impressionou a todos foram as mortes. Não havia velório, o corpo  era preparado não para o enterro mas sim para ser jogado ao mar! Essa é a pior imagem que minha avó guardou de toda essa viagem!
Nas conversas, Bárbara percebe que havia muitas promessas impossíveis de serem cumpridas: salario muito alto, doação de terras a todos.
Ela tinha certeza que a nova terra era uma grande promessa de uma vida melhor, mas que dependia do esforço de cada um e não de doações. Nem ela, nem ninguem poderia imaginar a grandeza de país que eles vieram a construir!

8 de dez. de 2010

Rumo ao desconhecido.

Finalmente o dia tão esperado chegou! As crianças colocaram sua roupa de festa! Os moveis foram cobertos, pois Bárbara pretendia retornar para casar suas filhas. Os malões com o enxoval das quatro meninas foram fechados por Paschoal. Foi aí que a história de minha família mudou!
Inocentemente e temendo perde-los, Pascoal fecha nos malões os documentos da fazenda Santa Rosa, os documentos que usariam na viagem e parte do que havia conseguido economizar. Na hora da despedida todos dizem só tchau, pois a volta era certa!
Chegando no navio ao embarcar, a família passa de  fazendeiros para imigrantes por não ter passagem. Adeus mordomia,camarotes e tudo mais.Paschoal decide não viajar mas Bárbara o faz ver que nisso tudo estava a mão do pai e que nada deveriam temer, pois que o era deles viriam até eles. Para o agenciador foi ótimo tudo isso ter acontecido, pois ele recebia" por cabeça".  
Naquela época esses individuos recebiam muito dinheiro dos fazendeiros brasileiros para levar italianos para o Brasil. A família Fusco foi praticamente jogada, junto com os outros italianos nos  porões do navio. E a viagem começa!

7 de dez. de 2010

E a nova família nasce, cercada de muito amor!

Bárbara  e Pascoal, após o casamento, passam a viver uma eterna lua de mel, que só a morte irá imterromper, muitos anos depois, após a criação dos seus oito filhos. Mas o amor deles teve que ser muito forte para suportar tudo que a vida lhes reservava .Logo no começo do casamento,  Paschoal passa a beber muito. A família de Bárbara sentindo - se envergonhada perante a sociedade - decide por  um  fim nessa situação. Decidem tirar o casal de Roma, pois o que o coração não sofre quando os olhos não veem. Ficam sabendo de uma nova terra, de muito futuro, onde tudo que se planta dá. Uma fazenda é adquirida em  Santa Catarina e casal e filhos são preparados para a mudança. As passagem para o próximo navio são compradas o camarote é reservado, tudo com muito conforto. Feliz pois iria realizar seu grande sonho Paschoal  imaginando como transformaria a sua fazenda Santa Rosa (esse era o nome da fazenda) esquece até de beber. E o tão sonhado dia chegou ...

5 de dez. de 2010

E nasce o amor!

José e Rubina se encontram: As festas na Itália eram uma constante pois a alegria, dança, e o canto está cravado no DNA dos italianos e nestas festas famílias inteiras se reúnem. Foi na festa de São Cipriano que Rubina veio oferecer a um grupo de jovem uma travessa de bracholas. Dente esses jovem havia um que sobressaia pelo seu porte físico (ERA ALTO, MUITO BONITO), mas  também na sua maneira de ser (era alegre mas comedido em suas ações). Atração entre eles foi mútua. Conversaram bastante e já próxima festa estavam namorando. Com o passar do tempo e o crescer do amor, as famílias decidem fazer o casamento. Pronto meu Pai já tinha onde nascer. Minha história estava começando!


BÁRBARA jovem criada na abundancia, preparada para ser dona de casa e mãe, aprendeu bordar, crochê, tricô, costura, fazer rendas, cozinhar e principalmente a se comportar na sociedade. Sua maior distração era cantar e levar juntamente, com sua irmã, as ovelhas para pastarem nas colinas próximas a sua casa. Certo dia notou um jovem que lavrava a terra. No começo achou o serviço interessante, mas com o passar dos dias começou a notar o amor com que ele cuidava da terra. Como o jovem  notou  que a mocinha se interessou pelo seus  afazeres  começou a lhe ensinar. Com a ajuda de sua irmã, Barbara passou a levar com mais frequência as ovelhas e assim com o carinho de Paschoal (esse era o nome do jovem) aprende a plantar e cuidar  da terra. Enquanto ele falava do seu sonho de ter sua própria terra, ela comentava do seu desejo de trabalhar e poder decidir sua vida. Com o passar dos tempos Barbara começa a se interessar por Paschoal mesmo sabendo que tudo os separava. Como dizia vovó, aos poucos eles foram construindo o grande amor deles, baseado na admiração, respeito e convivência.
Aos poucos eles se interessaram cada vez mais, até que despertaram a suspeita dos pais de Bárbara. Foi quando o caos se instalou pois naturalmente a família foi contra  esse namoro. Por quase um ano Bárbara bateu o pé e impôs sua vontade. Mesmo contrariados seus pais deram inicio aos preparativos do casamento. Como dote foi dado ao casal uma rica residência ricamente mobiliada. Um mundo que Paschoal nunca tinha visto. O casamento foi uma grande festa e o novo casal começaram a vida em Roma na via Capelli, 5. Minha mãe já tinha onde nascer!

2 de dez. de 2010

Os personagens

Os grandes personagem desta história são: JOSÉ  DO PORTO NATURAL DE SANTO SUPRIANO; RUBINA FRAIA NATURAL DE SÃO CYPRIANO D’AVERSA; PASCHOAL FUSCO NATURAL DA CALÁBRIA; E BÁRBARA ANDRIOZZI ROSSI STATE NATURAL DE NÁPOLES.
AGORA VAMOS CONHECE-LOS ....
           José um loiro bem alto, de poucos amigos, muito trabalhador ,levava a sério as leis, quase não sabia demonstrar a grandeza de coração que possuía. Dele meu filho herdou quase tudo até a grandeza de coração e  a beleza física.       
           Rubina  uma italiana morena, pequenina, cuja marca registrada eram as olheiras que passou aos seus descendentes. Se era pequena no tamanho se agigantava pela grandeza de caráter.
           Barbara era muito alta, loira de olhos azuis como o mar, de família nobre, prendada, cantava bem, sabia amar e demonstrar esse amor. Era uma mulher à frente do seu tempo.
           Paschoal um italiano moreno, baixinho, calmo, trabalhador, adorava sua família, mas com um grave problema bebia muito, nas horas de folga .   
Apesar de tão diferentes esses seres por decisão Superior irão se tornar meus avos.
Diz o ditado popular que o homem põe e Deus dispõe, isso aconteceu com meus avós; vindo de regiões diferentes, sendo de classe social diferenciada se encontram e se amaram.                 

1 de dez. de 2010

O por quê?

Toda história tem um começo, a minha tem início na convivências com as pessoas amadas. Este é o espaço em que irei desfilar tudo o que vivi e vivo, mas sempre trazendo as emoções com as quais fui presenteada. Pegue na mão da Filha do Dono do Mundo e vamos a uma jornada sem fim. Boa viagem!

Ada é um  ser humano que sempre viveu intensamente cada momento da sua vida; valorizando seus antepassados.
      
Este blog surgiu da gratidão que tenho por minha família,que fizeram deste ser o que sou hoje.Foi através deles que aprendi a necessidade de lutar por tudo que acredito,sabendo que tudo posso pois sou herdeira do dono do mundo portanto tudo que há no universo me pertence basta eu tomar posse. A história da minha família é a representação da união, do amor e da alegria de viver. Os Porto, Fraia, Fusco, Amorim, Rossi, State, desde os primórdios foram  sempre muito felizes.
Minha família é formada toda ela por italianos, que aqui no Brasil ajudaram São Paulo a ser o que ele é hoje.