Isso era sagrado,quando a chuva não vinha e o sol começava a se por vovô José sentava com uma cesta de frutas debaixo da velha paineira e os netos aos poucos iam chegando.
Vinha até mesmo os filhos do meu tio Mingo,com quem estava brigado.
Tratava a todos da mesma maneira,até aqueles que já falavam o português.
Ele trazia na mão um canivete e ia repartindo as frutas com todos,menos o figo da índia que só eu e ele gostávamos,enquanto ia falando da sua amada Itália!
Não sei se suas histórias eram verídicas, mas seu amor por sua terra era real!
Vovô tinha uma ferida no pé e andava muito pouco,então estar lá conosco para ele era um grande sacrifício,mas ele o fazia com prazer!
Meus primos não entendiam por que ele e eu adorávamos figo da índia,e ele respondia que só eu tinha a alma igual a dele!
Na época eu nada entendia mas hoje,vendo meu filho mais velho sei exatamente o que ele queria dizer!
Vovô era de uma seita esotérica e acreditava piamente que nosso destino nos pertence,mas que de algumas coisas não podemos fugir,pois são para o nosso bem!
Ele contava do lugar onde viveu,ao lado de seu pai Francisco e de sua mãe!
Contava ele que seu pai trabalhava para um dono de terra e logo ao nascer do sol todos iam para lavrar a terra.
Segundo ele ,lá havia pouca terra e eles aproveitavam cada pedacinho dela.
Ele e suas irmãs obedeciam cegamente aos seus pais e que se não o fizessem eram castigados.
Lembro do dia em que ele contou por que teve sua lingua furada por agulha, pela minha bisavó.................
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