Passagem do ano de 1966

O mais engraçado é que todos se preocuparam comigo na passagem do ano, diferente do que fizeram no Natal,quando me ignoraram.
Meus tios me convidaram para passar com eles,meu cunhado também,mas eu preferi passar só,pois tudo indicava que a partir de então seria assim.
Sem mesmo ter uma roupa nova,pois a ausência de minha mãe havia me entristecido muito, decidi  fazer das tripas o coração e passar a virada do ano na Praça,onde a maioria dos jovens faziam.
Usando uma roupa simples, longe das maravilhas que já usara,com o cabelo solto, sem pinturas lá fui eu para a Praça.
Era do conhecimento de todos ,o falecimento de minha mãe e ,talvez por isso todos se acercaram de mim, tentando passar um pouco de felicidade !
Lembro muito bem como foi difícil estar sem aquela que fora minha amiga,mãe,confidente!
Enquanto os amigos cantavam eu chora de saudades!
O calor humano me confortava,mas não supria a falta de minha mãe!Enquanto mais se aproximava o final do ano mais presente se fazia a lembrança dela,das músicas italianas que ela cantava nesse dia!
Foi aí que descobri  porque vovó Bárbara dizia que "Mãe é manha, pai é palha.Tenho certeza que se fora ao contrário, mamãe apesar de sua dor,pois meus pais se amavam muito,jamais me deixaria só,procuraria me dar a alegria e a felicidade que no momento não possuía!
Todos indistintamente me cercaram de carinho e atenção,mas nada poderia me alegrar.
Um pouco ante da meia noite,sai de mansinho e fui para minha casa curtir minha imensa dor!
No outro dia fui acordada pela Ana Maria e Dona Cinira que tinham vindo me buscar para estar com a família dela.


Dona Cinira me fez ver que eu estava sendo egoísta querendo que mamãe permanecesse ao meu lado apesar da sua doença.Chorei muito, mas reconheci que mamãe agora estava melhor e que eu tinha que aceitar a sua ausência e procurar sempre acatar os desígnios que o Pai nos impunha!
Foi aí que percebi que em Dona Cinira eu teria outra mãe!!!!!!!!!